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Cronicas-->O rato e a lenda Geraldina -- 02/11/2000 - 11:56 (Mastrô Figueyra de Athayde) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Você por acaso já ouviu a celebre frase de uma propaganda de produtos eletrónicos: "Tem coisas que só a Philco faz por você". Essa propaganda é interessantíssima, elevando em muito as vendas de seus produtos. Este jargão publicitário até que poderia ser utilizado pelos corredores de um Jornal, em Rebouças, mas de uma forma adaptada aos padrões dos pomposos reboucenses. A frase seria mais ou menos assim: "Tem coisas que só acontecem aqui!". Até parece que não ficou nenhum pouco parecido com a da campanha, mas com certeza esta frase tem uma grande repercussão dentro do Jornal.
Dentre as mais de mil histórias que já se passaram pelos corredores do veículo de comunicação, que vai desde a sua mudança de nome por um dia, para evitar que um entrevistado encontrasse o prédio do Jornal (que me perdoem os irmãos patrícios, mas até parece coisa de português), já que os princípios deste entrevistado iriam de contra os "princípios" éticos do dono do Jornal. Outra história que merece ser lembrada, ou melhor, lamentada, foi a contratação de um certo "Geraldino", que se dizia "O Jornalista", e que infelizmente nem diploma tinha. A fase "Geraldina", foi considerada pelos grandes estudiosos da área do Jornalismo Especializado, como a fase da Loucura em seu estado pleno. "O melhorzinho batia na mãe por causa de mistura", dizia o último grande guerrilheiro brasileiro, o revoltado jornalista Bruno Ribeiro.
As histórias de amor e ódio são tantas, que mereciam ser tratadas em tese de mestrado, com o título: Ascensão, Queda e Desmanche de uma Referência Social. Nome pomposo para se tratar de um jornal interiorano. Dentre essas histórias, uma deveria ser lembrada como o marco zero da crueldade, amor a camisa e sobre tudo, a decadência que se assolou uma importante imprensa.
Tudo começou no princípio de noite do dia 04 de Agosto, de 1975. O Jornal após sofrer a fase "Geraldina", começou a viver os tempos de uma nova era. Está era não ficou marcada por grandes transformações estruturais, mas sobretudo pelas mudanças comportamentais. A loucura em seu estado máximo abriu mão à uma serenidade pouco compatível ao estresse corriqueiro de qualquer jornal diário, sempre rodeado à incertezas e a prováveis lendas, que ficaram escritas em um velho pergaminho, escritos pelos próprios Geraldinos. Essas lendas costumam ser contadas hoje em dia, principalmente em rodas de botecos. A única certeza nesses encontros, invariavelmente é a incerteza de suas previsões, mas uma coisa é certa. Muitos foram acertados e poucos foram provados. A incerteza é a grande tónica deste Jornal que resiste bravamente as tempestades corriqueiras de verão.
Dentre as lendas acertadas pelo velho pergaminho Geraldino, é a história da enorme ratazana, que deixava as profundezas da gráfica, para que pudesse alimentar os seus inocentes filhotes. Segundo o pergaminho, o enorme rato levava com sigo uma marca que haviam sido depositada por um Ovini (Objeto Voador Não Identificado) vindo da terceira Galáxia da Constelação de Júpiter. Este símbolo significava a prosperidade para os habitantes e trabalhadores do lugar visitado, neste caso a cidade de Rebouças. Nesse retrospecto, a lenda diz ainda que o rato é um ser imortal e que ele só será morto se for atingido na região da fronte posterior de sua caixa de ar estomacal.
Esta história era de conhecimento de todos no Jornal, mas ninguém até então havia visto a enorme criatura, até chegar o dia 04 de Agosto de 1975. Após um dia estressante de matérias e cobranças injustas, o repórter Leonardo Totti foi até a cozinha do Jornal. Como estava com fome, foi comer um delicioso pedaço de pão, que estava sobre uma mesa, ao lado do fogão. Ao se aproximar do saco de pães e ao tentar colocar a mão sentiu algo diferente. O saco havia se mexido. Ao analisar melhor o saco de pães, Totti reparou um enorme rabo, que saia do saco e que terminava sobre o fogão. O repórter deu a volta pela cozinha e viu com os próprios olhos que se tratava de um enorme rato, que mais parecia com um gato, tamanha a desproporção. Era a confirmação da lenda Geraldina. Neste instante, Totti começou a gargalhar com o acontecimento e sobre o fato da ratazana Ter devorado o seu pedaço de pão. Outras pessoas que estavam no Jornal, perceberam algo estranho e foram ver o porque das gargalhadas do repórter. AO chegarem na cozinha, as mulheres começaram a ter um ataque histérico, um diagramador acabou vomitando e o cartunista saiu correndo pela rua, pedindo ajuda à Polícia Florestal. No caos pronunciado, o técnico em informática Betão de Assis quis acabar com a festa e se apossou de uma vassoura, dando três pancadas fatais na pobre ratazana. Era o fim da confirmação da lenda. A ratazana morreu. Por um breve momento o clima ficou parecido com a de velório, ainda mais depois da declaração de Totti, sobre a lenda Geraldina. Com a morte do camundongo, segundo a lenda, a chamada prosperidade de Rebouças poderia estar abalada. Passado o susto e 25 anos, a vida voltou ao seu ritmo, e até hoje os sintomas dessa trágica morte podem ser refletidos por todos aqueles que trabalham no Jornal. A prosperidade hoje não é a mesma e se caso alguma coisa acontecer, pode ter certeza: foi a morte do rato e da eterna lenda Geraldina, amém...

Mastró Figueira de Athayde é cronista e carvoeiro de Maria Fumaça

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