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Poesias-->O HOMEM DE AZUL -- 22/10/2007 - 19:44 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Andava de um lado para o outro como se estivesse muito preocupado. De vez em quando murmurava frases sem nexo, ou sorria para si mesmo.

Alguns dias vestia roupas claras mas, na maioria das vezes usava azul marinho. Foi por isso que o apelidei de “o homem de azul”, uma vez que nunca soube o nome dele.

Era azul, sim aquele homem. Azul marinho. Cor de noite solitária, sem estrelas.

Eu o escutava logo cedo andando pela rua com seus sapatos barulhentos e corria para a janela. Aquele homem me intrigada e chamava minha atenção. Eu o perseguia com meu olhar. Tentava adivinhar seus pensamentos, seu tipo de vida, seu gênio e seus gostos.

Não, o homem de azul jamais cometeria uma grosseria.

Nem deveria gostar de estar assim tão só.

Tinha o gosto requintado de quem já frequentou círculos fechados, dançou em grandes salões e vestiu todas as cores.

Um dia me aproximei e passei por ele, só para ver seu rosto

Tinha profundos olhos aquele homem. Azuis marinho, como sua roupa.

Olhei, olhou-me. Fixou seus profundos olhos em mim.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo. Eram olhos apavorantes.

Olhei bem.

Olhos sem fundo.

O homem de azul não tinha alma.

Era um corpo sem recheio que poderia a qualquer momento transformar-se em ar. Sem deixar vestígios.

O homem de azul era apenas fruto da minha imaginação. Não sei como, eu pudera imaginar algo que parecia tão nítido, tão real.

Corri, sem rumo, cada vez mais depressa, cada vez mais longe, procurando tirar o homem de azul de dentro de mim.

Deixei-o longe, muito longe. Mas muitas vezes, pego a mim mesma pensando nele. Acreditando que está andando para lá e para cá com seus sapatos barulhentos.



Tita Ancona Lopez

São Paulo, 4 de abril de 2005.













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