Como uma força que puxa meu centro de baixo para cima.
Sou levantada pela cabeça e lá embaixo só as mãos a dedilhar as teclas.
Deve ser alguma onda de energia.
Provavelmente cruzo alguma dimensão e sinto sensações diferentes enquanto os dedos correm e correm, sem que eu sinta o dedilhar.
Estou só neste espaço, apesar de saber que a minha volta existe movimento.
Aqui, só o barulho do silencio que em tudo se imiscui e toma conta da minha capacidade de escutar sons e de ter pensamentos lineares.
Estou voando pelo buraco de todas as almas e pelos neurônios de todos os cérebros, procurando uma morada.
Vou descansar em algum riacho suave e olhar a natureza
O corpo vai ficando leve. Difícil continuar a dedilhar. Torno-me uma massa mole, sem controle. Só os dedos pertencem a alguma coisa nítida.
O corpo vai se esticando e fazendo curvas e não tem mais forma nem começo e nem fim,. Só as mãos é que se encontram no mesmo lugar, sempre. Isso enquanto não largarem o teclado...
Não podem largar o teclado! Porque se o fizerem o corpo vai se desfazer, se desprender e se desgarrar no espaço misturando-se com o ar e com este barulho de silencio. Preciso não parar de escrever para manter minha vida na terra mas é difícil porque o fluxo dos pensamentos as vezes torna-se mudo e os dedos querem parar.
Preciso continuar a dedilhar e trazer o corpo de volta.