Sou daquelas que tem troncos fortes e alguns espinhos.
Sou dura, seca e quebradiça.
Por onde passo, deixo rastro, faço barulho.
Para me tombar é preciso uma tormenta que dure meses seguidos.
Se me cutucam mordo, qual carnívora.
Meus gestos impensados, muitas vezes machucam.
Quem dera fosse pequena, delicada e colorida.
E que até uma brisa leve me tombasse delicadamente para todos os lados.
Se assim fosse, teria a voz mansa, falaria baixo, diria sempre coisas doces.
O sorriso seria quase imperceptível, os dentes delicados e brancos.
Gestos vagarosos, quase musicais, corpo fino, andar dançante.
Chegaria imperceptivelmente.
Passos delicados e suaves, nenhum barulho anunciando a presença.
Então você se encantaria, e me colheria, apaixonada e ternamente.
Me tomaria nos braços e teria muito cuidado, para que nada de ruim me acontecesse.
Me regaria com carinho e me olharia sempre com os olhos brilhando.
Eu me entregaria, lânguida, apaixonada.
Que pena não tenho a sorte de pertencer a este grupo.
Tita
22/12/06
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