Tenho uma capacidade inata de interessar-me, via de regra, por pessoas
ilineares que a mim parecem incrivelmente interessantes.
É essa ilinearidade que me prende.Essa possibilidade da abertura para o
desconhecido. Essa curiosidade instigante de saber o que há na cabeça de lá,
uma cabeça não convencional .
É a abertura da possibilidade de acontecimentos inesperados, que nem sempre
se mostram favoráveis mas que mostram a possibilidade de se criar o novo. O
novo que pode, quem sabe, modificar todo o curso normal das coisas e trazer
até mim acontecimentos impensáveis.
Algumas vezes, esses acontecimentos fazem com que eu entre na ilinearidade
do outro, enveredando por caminhos que não são os meus. Uso uma cabeça que
não é a minha e procuro seguir seus caminhos, curiosa, impensada, irrefletida.
O resultado é que, algumas vezes, perco meu caminho e, para reencontrá-lo tenho que abandonar o que me fascina e voltar à minha solidão propositalmente linear, procurando não perder totalmente o senso.
Nesses casos o caminho de volta é demorado, porém, chego ao fim pronta a escolher
novamente.
Esquecendo-me, infalivelmente, de que minha capacidade de
escolha é, no mínimo, ilinear.
Tita Ancona Lopez
07/12/2004
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