O dia amanhece, silencio quebrado apenas pelo badalar dos sinos colocados nos pescoços das ovelhas.
O sol surge por entre as nuvens vermelho, anunciando mais um dia de sol.
Sinto a sempre presente sensação de vazio quando o dia amanhece na beira da mata.
Estou ali, sem estar.
De fora de mim me vejo e digo a mim mesma que não há nada melhor do que estar neste lugar cheio de paz e nada melhor do que ali, tudo poder criar, pensar, fazer.
Canto. A voz se perde no imenso espaço.
Passa um grupo de maritacas fazendo estardalhaço, felizes com o nascer do dia.
Um bando de pássaros canta, a coruja se retira.
Penso que o dia chegou e tenho que me movimentar.
Mas sinto-me presa. Como uma árvore torta, plantada no lugar que não lhe pertence.
Os galhos se vergam e sinto o corpo pesado, pendendo para o chão.
Não deveria existir uma árvore assim em um lugar desses. Talvez eu devesse ir embora.
Provavelmente é por esse motivo que os pássaros não param. Passam ao largo. Percebem ali a presença do intruso que não se mescla com o bonito do lugar.