Não enxergava bem. Via apenas o vulto.
Seria a pessoa que procurava há tanto tempo? Como poderia ter certeza?
Talvez pudesse chegar perto e, como se nada fosse, lançar perguntas e confrontar respostas com o modelo determinado.
Não, isso seria complicado, poderia afugentar e este risco não poderia correr, tão difícil estava de encontrar.
Talvez devesse apenas colocar-se ao lado, sem nada dizer.
O vulto transmitia alguma coisa boa, algo que parecia lhe transmitir paz. Deveria ser a pessoa certa. Além da luz, a voz longínqua soava como acordes que a enlevavam.
Não havia dúvidas. Estava certa de que havia encontrado.
Finalmente poder descansar da procura incessante. Finalmente entregar-se à tão esperada felicidade. Finalmente, desfrutar os momentos da vida.
Então, passo a passo aproximou-se. Cada vez mais perto, cada vez mais nítido o alcance do nirvana.
Foi então que algo estranho aconteceu. O vulto, num repente, abriu grandes asas, elevou-se e desapareceu.
Ficou estática e após alguns momentos compreendeu. Era perfeito demais para ser real.
Mas não se deixou abater.
Quem sabe encontraria, um dia?
12/04/2007
Tita Ancona Lopez
|