Usina de Letras
Usina de Letras
214 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140786)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->CHAVÃO -- 09/04/2008 - 19:40 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lembro-me de um namorado que se chamava Renato. Conversávamos muito até o dia em que ele disse que queria namorar comigo. Segurou minha mão e, dali em diante foi tudo o que fizemos: segurar na mão.

Namoramos exatamente uma semana, o tempo dele ir me visitar em casa duas vezes e de irmos ao cinema numa terceira vez. Todas as três vezes sem trocar nem uma palavra. Emudecemos desde que nos demos as mãos. Foi uma situação desesperante. Acho que foi tão traumática que quando me lembro, até hoje emudeço.

Há dias em que, provavelmente por esta lembrança traumatizante, não consigo dizer nem uma palavra. Basta imaginar que não tenho o que falar e alguma coisa me trava. Por mais que me esforce, a boca não se movimenta e o som não sai.

Lembro-me também do Junior, o primeiro nome evaporou-se da minha mente. O Junior vestia-se bem, era bonito e alto. Tinha uma voz bonita, era gentil. Um dia convidou-me para tomar chá. Aceitei e fiquei nervosa. O Junior me convidando para tomar chá!!! Me arrumei, me aprontei, me preparei. Quando chegamos na casa de chá ele me perguntou se poderia pedir um chá completo e eu disse que sim. Os pratos começaram a ser colocados na pequena mesa: pequenos sanduíches decorados, tortas, bolos, pães, bolinhos....

Foi então que o terror aconteceu de novo.

Desta vez não foi uma mudez. Foi uma paralisia de movimentos. Não consegui fazer nem um movimento para levar qualquer coisa que fosse à boca. Não comi, não bebi, não me mexi.

Lembro-me da aflição do Junior e do meu terror. Ele perguntava se eu não estava gostando de estar ali, se eu não gostava de nada do que tinham colocado na mesa, se estava acontecendo alguma coisa, e eu dizia, cada vez num tom mais baixo, que estava tudo bem. Emudeci e fui conduzida por ele de volta à minha casa, envergonhada e petrificada. Nunca mais o vi.

Junior, bem ele que eu tinha tanta vontade de ver!

Como seria encontrar-me hoje com o Renato e com o Junior? Será que eu ficaria paralisada e muda como em outros tempos?

Tinha vontade de revê-los mas o que me passa pelo pensamento é que se os encontrasse eu, provavelmente, ficaria tão nervosa que falaria alguma coisa boba, algum chavão sem graça, como por exemplo: que dia lindo está hoje!

Não. Melhor não encontrá-los pois se isso acontecesse e se fosse esta frase ridícula o meu único pronunciamento eu, sem duvida, emudeceria para sempre.



Tita Ancona Lopez

9/11/2007.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui