O pensamento teimava em dizer-lhe que não ia dar certo.
Com o tempo acontecia de antes mesmo do pensamento de derrota chegar, o resultado já se mostrar terrível.
Não se lembrava do inicio deste circulo vicioso; havia partido de algo que não dera certo ou de um primeiro pensamento nefasto?
Há anos que tudo o que era elaborado, trabalhado e esperado resultava no pior.
As poucas pessoas com quem convivia teimavam em dizer-lhe que o problema era do eterno pensamento que colocava tudo para baixo. Ele retrucava que mesmo sem pensar, os castelos arduamente construídos desmoronavam em um piscar de olhos.
Amargo e franzino, retrato de rancor e aversão ao mundo, passou a evitar as pessoas para não ter que responder a perguntas sobre seus afazeres. Saia pouco, seguindo rotinas meticulosas e metódicas apenas para ter algo a que ater-se. Repetia frases feitas, solidificava paradigmas.
Um dia, não se sabe porque, resolveu analisar os acontecimentos de sua vida com frieza.
Um mundo novo abriu-se em sua mente, percebeu que ele mesmo se fechava, percebeu que seus pensamentos o sufocavam, percebeu que poderia, sim, ter sido diferente.
Dali em diante o sentimento de derrota mais uma vez tomou conta. Passou então a culpar-se a si mesmo, trazendo para si tudo o que atribuíra ao acaso, ao mundo e aos outros.
Disseram-me que até hoje caminha vagarosamente, macambúzio e solitário, apartado do mundo que, por sua culpa, não o acolheu.
Tita Ancona Lopez
06/09/2007
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