Acredito que tenha mudado ao longo do tempo, a minha genética.
Caso contrário, como se explicaria esta não eu que por vezes surge, apossando-se de mim?
Quando me toma, observo. Por vezes me assusta, de tão atirada, dizendo por mim coisas que eu jamais diria.
Não faz parte da minha genética sua atitude irreverente, suas palavras sem elaboração anterior, o jeito rápido de falar engolindo sílabas, esquecendo as palavras certas para cada ocasião. Não faz parte de mim sua ironia.
Assusto-me quando a escuto a proferir por mim o que a mim não cabe.
Um grito surdo diz “não fui eu, foi ela!”
Sou calma, tranqüila, não ajo histericamente, como ela, a cada novo sentimento que se apossa do meu coração.
Sou ponderada, falo baixo, rio moderadamente, relaxo com facilidade, amo com vagar, como moderadamente e aceito as pessoas como elas são.
Quem faz tudo estabanadamente é ela que, não sei de onde e nem como, veio a viver em mim.
Por isto acredito que houve uma explosão em meu interior, uma divisão de células, multiplicação de núcleos, gerando uma mudança genética que a trouxe.
O mais estranho porém, é que convivemos intimamente, ocupando o mesmo espaço e, o mais interessante é que mesmo ela, tão segura e decidida, ainda tem duvidas quanto a livrar-se de mim.
Tita Ancona Lopez
29/08/2007
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