Disseram-me que ele voltara.
Ele?
Não, ele nunca voltaria!
Não era pessoa para este lugar.
Precisava do mundo, de espaço,
não do pouco que oferecíamos.
Garantiram que o haviam visto.
Ele?
Não acreditei!
Saíra tão decidido a não mais voltar...
Não, ele era orgulhoso,
só voltaria se fosse por algo muito especial
e o que tínhamos de especial por aqui?
Saí à procura.
Perguntei, disseram-me que havia passado
mas não sabiam aonde estava.
Eu sabia.
Deveria ir?
Titubeei mas, decidida fui em frente.
Tinha certeza de que não era ele.
Não aquele que eu conhecia,
não ele.
Fui devagar, o coração aos pulos.
Cheguei, pé ante pé, entrei devagar.
Tudo escuro.
Bem que eu havia dito: não havia ninguém.
Ele nunca voltaria.
Quando dei meia volta senti o abraço
e o corpo quente que encostava-se às minhas costas.
Os lábios procuravam minha nuca e a voz sussurrava
o que eu queria escutar.
Então eu soube por que voltara e me abandonei
ao improvável,
ao infactível,
ao impossível.
Tita
17/12/2007
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