Lembro-me das mãos dele. Nunca as esqueci. Tão bonitas eram, teimam em voltar à minha mente.
Quadradas na base, dedos alongados e retos, unhas bem desenhadas. Mãos firmes.
Moviam-se com delicadeza e força. Ao falar, desenhava com elas movimentos no ar. Muitas vezes não escutei o que dizia. Apenas olhei o desenho de seus movimentos e, sempre, um arrepio percorria meu corpo.
Queria segurá-las com força e mantê-las junto a mim.
Há muito não fazem parte da minha vida mas lembro-me delas, como se as quisesse segurar independentemente do corpo ao qual pertencem. Hoje, queria apenas as mãos. Quanto ao corpo, escolheria o que melhor se adaptasse ao meu agora.
Porém, desde que me encantei por aquelas mãos, nunca deixo de olhar as mãos de um homem.
Algumas nada se parecem com as dele, outras não me encantam de maneira alguma. Há ainda as que são quadradas na base mas não possuem dedos fortes, ou as que até se parecem, mas não têm a mesma força.
Se pudesse iria buscá-las e as colocaria, uma com os dedos colocados delicadamente sobre a outra, imóveis em toda a sua beleza, junto a mim.
Tita Ancona Lopez
04/04/2007
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