Ao final da festa voltou para casa sozinha. Como sempre.
Teve dificuldade para achar a chave de casa na bolsa porque não havia luz. Depois de algum tempo achou a chave e abriu a porta.
Casa escura, como sempre.
Acendeu a luz, como sempre, e caminhou até o quarto.
Sentiu sede. Voltou até a cozinha, encheu um copo de água e tomou quase de um gole só. Como sempre, bebia rápido.
Tirou a maquiagem escovou os dentes, colocou a camisola, como sempre.
Deitou-se e ligou o som. Musica boa tocando. Acertou o timer, como sempre.
Mas não apagou a luz.
Quem sabe leria um pouco, como sempre?
Não, não tinha vontade de ler.
Preferiu olhar para o vazio e deixar a mente viajar.
Lembrou-se do que havia feito durante o dia, as coisas de sempre.
Lembrou-se de acontecidos longínquos que já não faziam parte do seu mundo: pessoas, lugares, sons e odores.
Sons e odores acompanhavam sua vida, como sempre.
Quem sabe no dia seguinte caminharia no parque?
Poderia também ler preguiçosamente o jornal, como sempre.
As noticias seriam as de sempre mas, como sempre, acreditava que encontraria alguma noticia diferente.
Pelo menos não perdia a esperança.
Talvez por isso, como sempre, adormeceu feliz e tranqüila, acreditando que o dia seguinte seria diferente de sempre.
Tita
23/02/07
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