O copo caiu das suas mãos. Como teria acontecido? Ficou envergonhada. Todos olhavam sem saber como reagir.
Alguns chegaram perto e ofereceram ajuda enquanto, agachada no chão, catava os cacos.
A dona da casa socorreu: o que é isso? Não precisa se preocupar, a moça vem varrer já já.
Mas o ambiente ficou péssimo!!! A mesa do jantar pronta, todos se dirigiam para lá. Pratos maravilhosos dispostos de forma elegante, conversas sussurradas em pequenos grupos.
Ficou muito tensa. Parecia que ninguém tirava os olhos dela. Abaixou os seus e não conseguiu mais levantá-los. Petrificada reparou que todos se sentavam à mesa e ela não conseguia sair do lugar.
A mesa virou uma poça d’água, as pessoas tornaram-se peixes que tinham cabeças de humanos e riam alto quando olhavam para ela. As comidas elegantes criaram vida própria e vinham todas ao seu encontro.
A empregada limpava o chão tinha os olhos que saltavam no meio dos ossos. Olhos que recriminavam, boca que murmurava palavras de desprezo.
Quando voltou ao real, todos esperavam que se sentasse no ultimo lugar vago.
Virou as costas e vagarosamente, passo a passo, saiu da sala, saiu do corredor, saiu da casa, saiu do terraço, saiu do jardim e ganhou a rua.
Alivio!
Ao avistar a praça, sentou-se no banco de pedra e tomou um sorvete.