Ele deixava sempre o cinzeiro cheio de bitucas. Um cheiro horroroso.
E aquelas então que não eram bem apagadas e ficavam soltando uma fumacinha? Desnecessário dizer que a fumacinha vinha sempre para o meu lado.
Não suporto o cheiro, não fico em ambientes fechados aonde se fuma, no meu carro cigarro não entra.
Sou daquelas que parou de fumar e tornou-se uma apologista ferrenha contra o cigarro.
Bem eu, que fumava três maços de cigarro por dia.
Mas como eu ia dizendo, ele deixava o cinzeiro cheio de bitucas. Ainda hoje, quando vai lá em casa, teima em largar bitucas no cinzeiro de uma casa em que ninguém fuma.
Outro dia, levando com asco o cinzeiro para a cozinha, pensei nos trilhões de bitucas que já passaram pela minha vida. Tivesse guardado todas, não haveria armário capaz de abrigá-las.
Tivesse guardado todas, hoje faria uma fogueira enorme que simbolizaria tudo aquilo que não quero mais e que não faz mais parte de mim. Seria uma comemoração chamada “Morte às Bitucas”. Um enorme fogo apagando indecisões, tormentos, falta de amor, sofrimentos, chateações, traições.
Do passado só ficariam as lembranças boas.
Estas sim que, grudadas em mim, me acompanham e deixam que minha nova vida se aposse alegremente de tudo o que me cerca.
Bitucas, nunca mais.
Tita
29/01/08
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