Houve vezes em que, sentindo-se bem numa brecha da doença que o perseguia, deixava-se brincar.
Cruzávamos meus braços com os dele, na frente do corpo.
Ele grandão, eu tão pequenina, a mão esquerda dele com a minha mão direita, minha mão esquerda com a mão direita dele (lembro-me de como me segurava firme).
E assim, com as mãos cruzadas, saltitávamos a cantar durante todo o percurso do corredor lateral da casa. Pimpão, meu cão, corria junto latindo, alegre. Muitas vezes repetíamos este saltitar e o prazer de estar assim com ele, nunca foi igual a nada na vida.
Depois de um tempo (tão pouco) ele se foi.
Pimpão esperava que eu chegasse da escola e, segurando uma ponta de um pedaço de madeira, eu a outra, chamava-me latindo a saltitar pelo corredor, procurando repetir a cena. Inútil jamais seria a mesma depois que meu pai não estava mais.
Tita
26/05/08
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