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Poesias-->CHUVEIRO -- 09/04/2008 - 19:42 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era no chuveiro que passava grande parte do dia.

O calor forte, a falta do que fazer e o desespero por sentir-se inútil, fazia com que tomasse vários banhos por dia.

Servia também como uma desculpa: o cobrador chegando, o pedido de dinheiro para o supermercado... Estando no chuveiro, ficava inatingível.

Era ali que vivia seus melhores momentos. A água quente caindo no corpo, a sensação de frescor, os pensamentos sempre colocados nos bons tempos que outrora vivera.

Então cantava.

Cada lembrança vinha acompanhada de uma música e ele sabia cantar cada uma delas.

Cantando alto, não escutava as batidas na porta. Não prestava atenção ao momento em que estava vivendo.

Enquanto o mundo acontecia, ele tomava banho e queria que o esquecessem ali.

Com o tempo as batidas na porta ficaram mais escassas.

Quando saia para uma voltinha rápida, já ninguém o incomodava. O que teria sido feito dos cobradores, da falta de dinheiro, do caos que o acompanhava?

Não se importava.

Percebeu que podia circular livremente, pelo tempo que quisesse.

Um dia entrou na sala aonde a família estava reunida e sentou-se no sofá.

A filha perguntou: “O papai está no banho?” ele pensou que era brincadeira e riu. Mas ninguém o viu ou escutou. A mãe respondeu: “Como sempre”. E continuaram conversando, rindo e contando casos.

Ninguém escutou quando ele gritou “Estou aqui”. Ninguém o via ou escutava. De nada adiantavam suas palavras, seu movimento.

Nervoso, perguntou-se se estaria ali ou se apenas imaginava estar.

Olhou-se no espelho da sala e nada viu.

Apavorado, correu em busca de si mesmo.

Encontrou-se novamente a tomar banho, no chuveiro.

Finalmente voltava ao seu conforto mas percebeu que alguma coisa havia mudado.

Saísse do chuveiro, ninguém o veria e estar ali já não era tão agradável.

A água começava a incomodar e não tinha vontade de cantar.

Sentiu saudade dos dias em que participava da família reunida alegremente na sala. Sentiu falta do abraço da filha e de quando a cobria nas noites de frio.

Sentiu-se só.

Desligou o chuveiro e, sem saber que atitude tomar, sentou-se no chão e chorou.



Tita

12/12/07









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