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Poesias-->PERUCA -- 15/04/2008 - 19:35 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olhou para a figura imóvel do cão.

Há quanto tempo estaria ali, de costas para o mundo, olhando fixamente a parede à sua frente?

Não se lembrava da primeira vez em que o vira desta maneira. Há muito gostaria de descobrir o porque daquela atitude.

A postura do cão, imóvel a olhar para a parede branca, a afligia sobremaneira.

Chamava-o mas era como se não escutasse. Há dias movia-se apenas para fazer suas necessidades, comer e beber.

O restante do tempo era passado ali, imóvel e sem emissão de som.

Estranho aquele cão.

Com o tempo, o vulto estático passou a afligi-la e, como não conseguisse movê-lo de sua determinação, decidiu sentar-se em outro local.

Porém, não o esquecia. A cada minuto ficava curiosa: estaria ainda imóvel a fixar a parede?

Durante a noite saia do quarto pé ante pé: quem sabe enquanto pensava que ela dormia, agiria como um cão normal? Não. Lá estava ele, imóvel, com o olhar fixo.

Pobre cão, sozinho a fitar a parede.

Talvez ela estivesse sendo insensível.

Quem sabe deveria sentar-se pacientemente junto a ele e, ao agir como ele, descobriria o porque?

Sentada em uma cadeira lado a lado passou, ela também, a fitar a parede.

Não era de todo mal. Poderia aos poucos, naquela posição, desligar-se de tudo que a cercava.

Teve fome mas não queria mover-se e então, teve a idéia de arrancar alguns fios de cabelo e morde-los para enganar o estomago.

Desligou-se de tudo. Dia após dia, fitava a parede ao lado de seu cão. Os cabelos, arrancados uma um, não deixavam de alimentar seu corpo.

Entendia agora que a atitude poderia trazer uma paz inigualável.

Sim, aquele era um cão especial, pois era através dele que ela, aos poucos, aprendia a alcançar a tão desejada plenitude.

Em determinado momento, deu-se conta de que com o passar do tempo, não lhe restaria nem um fio de cabelo.

E então pensou: não faz mal.

Quando sair daqui, eu compro uma peruca.



Tita

8/10/07



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