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Poesias-->ESTANTE -- 18/06/2008 - 18:32 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Livros empilhados, fotografias, pequenos objetos, papéis. Tudo era colocado ali.

Fiquei curiosa porque havia ainda algumas caixas e o que será que continham?

Quando saiu, mencionou que preferia que eu não tocasse em nada.

Então ele não sabia que jamais deveria ter dito esta ultima frase? E agora, como fazer com a curiosidade que me corroia? Proibido, porque?

Sentei-me em lugar confortável, a estante em frente a mim. Não consegui tirar os olhos das caixas. Imaginei cartas de amor, utensílios íntimos e devastadores de algo proibido, segredos inomináveis, devastações de seu caráter. O que haveria ali?

Fui até a estante, procurando escolher um livro para ler. Várias fase de leitura, me parecia. E não é que ele também gostava de biografias e histórias verídicas, como eu? Não muitos romances. Encontrei Saramago ainda cego, Clarice Lispector na cidade sitiada, procurei Amos Oz não havia, Fernando Pessoa sim, em todas as fases. Rubem Alves estava ali retornando seu e terno e Érico Veríssimo ainda olhava os lírios do campo.

Ao pegar um livro de poesias que não conhecia, minha mão roçou uma das caixas. O que haveria ali?

Sentei-me novamente no sofá, livro na mão. Não consegui um mínimo de concentração. Porque tantas caixas escondendo o que não poderia, não sei porque, ficar à vista?

Uma aflição tomou meu corpo. Fiquei estática olhando a estante. Como pode uma estante ter segredos e despertar medos, como pode? Eu estava com medo. Talvez houvesse ali algo que poderia depor contra ele. Então quem era ele?

Será que deveria ir embora e não esperar sua volta? E se ali houvesse alguma arma?

Um frio percorreu minhas costas.

Como pudera ficar ali, na casa desconhecida em que havia algo a ser escondido?

E se ele achasse que eu havia aberto as caixas proibidas e ficasse nervoso? Não eu não podia ficar ali.

Arrumei as malas, coração disparado, não podia arriscar-me a estar ali quando ele voltasse. Saí sorrateira, carregando a mala pesada, casaco na mão. Entrei em um taxi, fui diretamente ao aeroporto, embarquei na ponte aérea e só chegando em casa consegui respirar.



Ele voltou para casa na hora combinada. Chamou, procurou, percebeu que ela havia ido embora. Sem saber o que acontecera, telefonou mas ninguém atendeu. Decepcionado e perdido sentou-se no sofá e olhou a estante. Ela não havia mexido em nada. Apenas um livro havia sido retirado e estava no sofá.

Ficou triste. Ela desistira de tudo o que ele lhe propusera. Ela se fora.

Bem hoje que havia decidido mostrar a ela todas as poesias que ela lhe inspirara e que guardara nas caixas coloridas.



Cristina A. Lopez

18/06/08

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