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Contos-->O despertar do mundo e o desjejum das gaivotas -- 28/08/2007 - 09:36 (Tatiana Nascimento) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seis e trinta da manhã. Rolei na cama ouvindo o despertar do mundo.
Como todo bom fruto da árvore da vida, digo fruto, pois como ele nós nascemos, crescemos, chegamos no auge da idade, lindos, brilhantes, perfumados e envelhecemos, murchando, encolhendo e nosso corpo apodrece na terra.
Os pássaros que sempre acordam antes de mim, além dos peixes que já acordaram no mar, as bactérias e os ácaros, que eu nem sei se dormem, assim como todos os animais, acordei e fiquei com vontade de sentir a brisa do mar, os raios de sol que apareciam atrás das montanhas de nuvens que se dirigem ao oceano.
O céu clareando num azul como só ele.
Os filhotes de pássaros, como todos os filhotes, acordam chorando, ou melhor, chilrando. Não conseguia ouvir nenhum sapo coaxando, claro, eles não são como os galos que acordam antes do sol e podem dizer que cantam para o sol e o mundo acordar, o que não é verdade, pois mesmo sem seu canto, todos acordam. Os sapos só coaxam ao entardecer, pois dormem o dia inteiro e à noite caçam os insetos que procuram a luz. Já viram sapos andando por aí na torreira do sol do meio dia? Eles não são loucos de ficarem com a pele ainda mais feia, mais envelhecida e enrugada, só os humanos são loucos a esse ponto.
Cheguei na beira do mar e notei que três gaivotas faziam o seu desjejum. Davam rasantes nas ondas, confundindo-se com a espuma branca do mar. Conforme a onda acabava, elas pousavam, na mesma velocidade da água, parando, molhando só as pontinhas das pernas, juntavam com o bico peixinhos prateados que haviam passado a noite nadando no raso com medo dos tubarões, saltitavam quando a onda voltava para o mar, tentando assim voltarem com ela. Os peixes de menos sorte transformavam-se em café da manhã das gaivotas, que comiam gostosamente aquele saboroso banquete. No almoço comeriam mariscos, um pouco mais trabalhoso, pois precisam tirá-los de seus caramujos, em compensação, muito apetitosos.
Se bem reparei naquela gaivota maior, era o Fernão, que conversava com as outras do bando.
Eu fiquei ali ouvindo a conversa.
Caminhei na beira do mar bem devagar, acompanhando Fernão que andava na água com seus passos delicados, sua graciosidade, que só uma gaivota especial como ele poderia Ter. Sábio como outros, já havia percebido que eu estava morrendo de inveja, não pelos peixes que comia e sim pela graça de seu vôo, que encanta o mais inteligente dos seres, o humano.
Pensei em pedir a ele para dar uma voltinha em suas costas, pois eu posso ser leve como uma pluma na minha imaginação.
Fernão percebeu minha intenção e acho que até ouviu meu pensamento, pois se dirigiu a mim e comentou: “O dia está ótimo para um passeio pelo céu, sobre o mar, relaxar, sonhar, não achas?”
Então me emocionei! O gênio das gaivotas falou comigo?
Olhei para os lados e vi que o assunto era mesmo comigo.
Segurando a emoção (estava com vontade de gritar de felicidade), criei coragem e pedi: “Posso voar contigo por alguns minutos?”( Ou deveria Ter pedido algumas horas?)
Fernão levantou o pescoço, me olhou daquele jeitinho, de lado, deu uma chacoalhada no corpo, uma batida de asas (aquilo demorou ema eternidade) e respondeu: “Oito minutos é o máximo que poderei carregar teu sonho, por mais leve que tua imaginação possa ficar”.
Preparei-me pensando qual seria a melhor posição, mais cômoda para se viajar numa gaivota. O melhor seria segurar entre o pescoço e o corpo, deitando bem reto para não atrapalhar as batidas das asas, que não foram muitas, pois com duas batidas bem fortes planávamos alguns minutos, subindo e descendo nas termais.
O vento quente batendo no meu rosto e eu imaginando ser uma gaivota.
Foi maravilhoso.
Descemos dando uma rasante, sentindo os respingos do mar e os raios de sol que se multiplicavam a cada minuto, irradiando aquela energia, enchendo de paz o plexo solar de meu corpo, fazendo-me sentir a mais feliz das criaturas.
Pousamos.
Desci molhando meus pés no mar, sentindo a água fria, tão diferente do vento quente e maravilhoso que nos permitiu voar, pois sem ele nem Fernão conseguiria levar-me.
Agradeci com muito amor e carinho o meu amigo Fernão, me despedi com alegria e tristeza.
Voltando para casa, feliz e contente, vendo o resto do mundo acordando. Os cachorros de rua acordados antes dos mais afortunados, que já latiam tentando acordarem seus donos.
Lembrei que não havia tomado meu café da manhã, ao contrário das gaivotas que já estavam bem alimentadas.
Chegando em casa, tomei uma xícara de café, uma fatia de pão com queijo e um copo de suco de laranja. Aquilo me fazia lembrar alguma coisa, tinha um gosto de...peixe.
Ô vida de gaivota!!!

Adaptação do livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, por Tatiana Nascimento.
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