Olhando em volta,
percebe-se no ar,
a fumaça dos cigarros não fumados,
das bebidas não consumidas,
dos conflitos não instalados.
Entre gentilezas
paira a tensão do descontentamento.
Em clima de fim de festa,
rolam copos plásticos sujos,
restos de discussão,
papéis picados.
Festa sem graça ...
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Gravatas de todos os feitios
circulam pela sala,
algumas já meio frouxas,
outras brilantes e bem arrumadas.
A sala cheia de paletós,
disfarça algumas mangas arregaçadas.
Sapatos bem engraxados
driblam velhas botinas.
No meio de tudo isso
passeiam lentes luminosas
entre olhos opacos
ouvidos moucos
gritos roucos ...
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Vários óculos se confrontam
Aros de tartaruga
Sem aros
Metal dourado
Escuros
correntinhas penduradas
E por trás,
olhos atentos,
sonolentos,
pardacentos.
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Luzes coloridas.
De Ribalta?
Entre outras luzes muito brilhantes.
De Ribalta?
As corem envolvem as luzes.
De Ribalta?
As luzes envolvem as cores
mas certamente não são de Ribalta...
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Em cada rosto um cansaço
Em cada olheira um sinal de desânimo
Mesmo assim
Ninguém desiste.
Não sei se por obstinação,
por tédio,
ou inércia.
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