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Cronicas-->O zangão que virou abelha -- 05/12/2004 - 18:26 (Bruno Rezende Palmieri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Zangão era um tipo grosseiro e abusado, gostava de uma bravata. Forte e grande como um trator. Conhecido como o valentão do lugar, nunca levava desaforo para casa. Ninguém se metia com ele...
A despeito do aspecto fanfarrão, trabalhava com afinco na alfaiataria do pai e, no ofício, saia-se muito bem. Há tempos economizava para o casamento. A noiva era uma figura doce, modesta. A única capaz de aplacar os arroubos de valentia do moço...
Zangão, obviamente, tinha muitos desafetos. A molecada do lugarejo andava desconfiada da valentia do alfaiate.
- Decidiram testar-lhe a coragem...
O fanfarrão não perdia a oportunidade de exaltar suas qualidades agressivas. Quando encontrava algum despacho nas encruzilhadas ia logo gritando: olha aí a palhaçada! Toda essa comida para o santo?
- E metia o frango e qualquer outra oferenda para dentro.
Se não encontrava nada comestível, chutava o despacho, sem a menor cerimónia, berrando para que todos ouvissem: não tenho medo nem de macumba, nem de assombração, nem de visagem, muito menos de defunto! Aplicava o costumeiro pontapé, mandava tudo pelos ares e continuava o caminho rindo e debochando.
A zombaria se intensificava, quando a noiva estava ao seu lado.
A pobre moça morria de vergonha e pedia sempre em voz baixa: deixe disso meu amor, todo mundo sabe que você não tem medo de nada!
Mas Zangão parecia nem ouvir os apelos da noiva...
Pior quando encontrava bebida entre as oferendas, tomava uns goles para depois quebrar a garrafa.
Cada vez mais próximo o dia do enlace, a paciente noiva fez Zangão prometer que deixaria os despachos em paz, pelo menos até o dia do matrimónio.
O brutamontes cumpriu a palavra.
Foi aí que algum cérebro privilegiado do grupo de moleques, teve a brilhante idéia de pregar-lhe uma bela peça. Antes, porém, espalhou pela cidade que Zangão não era mais o topetudo do lugar.
Os moleques o seguiam por toda parte e, a distància segura, não lhe poupavam apelidos e as conhecidas frases com rimas pejorativas. Principalmente perto das encruzilhadas...
- Abelhinhaaaa! Abelhinhhaaaa! Abelhiiiinhhaaaaa! O zangão virou galinhaaaa!
Zangão era homem de palavra. Mordia os lábios com força, mas nunca quebraria a promessa.
Aguentou firme até depois da lua de mel. Foram morar em uma casa não muito distante do cemitério.
Os moleques, contudo, não haviam desistido do intento de por à prova a valentia de Zangão.
Os recém-casados voltavam para casa pouco depois de escurecer. A iluminação era fraca, feita com làmpadas incandescentes. Lá para os lados do cemitério era bem escuro, à noite.
Livre da promessa, Zangão voltou às bravatas e aos antigos hábitos...
A primeira sexta-feira treze do ano estava às portas. Nada mais apropriado. Os moleques finalmente poderiam executar o plano.
- Vamos ver se o Zangão é macho mesmo, diziam uns para os outros.
No dia combinado, após as aulas, reuniram-se e partiram para o cemitério.
O plano era bastante simples. Alguém ficaria vigiando até que o jovem casal estivesse ao lado das grades do portão da casa dos mortos. Um dos meninos, vestido com terno negro e camisa de igual cor, com o rosto e as mãos escurecidos com graxa, aguardaria os dois em pé, do lado de dentro do portão, com os olhos fechados e as mãos nos bolsos do paletó.
Lá vem o Zangão e a mulher.
Ele não se cansava de arrotar bravura.
- Pois é mulher, pena que não tem nem unzinho daqueles para eu chutar. Você sabe que não tenho medo de nada, não é ?
- Claro marido, todo mundo sabe! Respondendo com o costumeiro tom de voz.
Noite sem lua e estrelas, puro breu. As làmpadas de quase nada adiantavam...
No momento exato, o vigia alertou o garoto que aguardava em pé. O menino de negro - dono da maior boca da turma - abriu os olhos, bateu palmas e escancarando a enorme boca, perguntou: quantas horas Zangão ?
O efeito da peça tão bem aplicada foi desmoralizador para o bravateiro...
O susto foi imenso. Urinou nas calças. Saiu correndo feito corisco. Deixou a mulher para trás. Ela mal continha o riso.
Zangão, a partir daquele instante passou a ser chamado de abelha e nunca mais procurou encrenca.
Tornou-se um ser humano exemplar...

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