Quando por astrolábios inexplicáveis
Me confundem o elogio justo que faço aos outros
A navegar, aqui, sou eu que decido como navego:
14 --- Do Infante fiel e escudeiro
24 --- De Gil Eanes sou eu o actor
34 --- Audaz e experiente marinheiro
44 --- Que sem saber dobrou o Bojador!
05 --- Em nome de El-Rei sábio Senhor
06 --- Pai e Mestre da Ínclita Geração
07 --- Se lê na História da Nação
08 --- Que foi seu sublime redentor
09 --- De oito filhos também progenitor
10 --- Além de Dom Duarte seu herdeiro
11 --- Teve Henrique o principal mentor
12 --- Das naus que por obra e dever
13 --- Baptizei de Usina e a Arder
14 --- Do Infante fiel e escudeiro
15 --- De Leiria se diz ergueu madeiro
16 --- Que El-Rei Dom Dinis fez plantar
17 --- Quiçá longe no acto de sonhar
18 --- Terá sido o que sonhou primeiro
19 --- O mar, a terra e o céu inteiro
20 --- Nas naus virtuais houve primor
21 --- Como eu à Usina por amor
22 --- A Arder quis fosse a caravela
23 --- E me nomear de fé e só por ela
24 --- De Gil Eanes sou eu o actor.
25 --- Triste, sei-o eu , mas sem rancor
26 --- Nas vagas florais do preconceito
27 --- Encostado a doer entrego o peito
28 --- Ao Fado que abranda minha dor
29 --- E não será nenhum Adamastor
30 --- Que virá de novo e zombeteiro
31 --- Reiludir a vista dum gajeiro
32 --- Que na treva das letras sabe ver
33 --- Quem é com beleza a escrever
34 --- Audaz e experiente marinheiro
35 --- Não valerá gastar mais do tinteiro
36 --- Àquem do Grande Vate e sua pena
37 --- Que bem a segurou de mão serena
38 --- Nem do porão fazer um galinheiro
39 --- Das misérias gentias e mau cheiro
40 --- Vale sim cantar do chão novo louvor
41 --- Que erguerá em nós o esplendor
42 --- De sermos neste mundo mais e mais
43 --- E não como actor mais um dos tais
44 --- Que sem saber dobrou o Bojador!
Quando se esfuma o que poderia ser amizade...
Resta a hombridade!