Usina de Letras
Usina de Letras
150 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Um dia com dois monges...very cool! -- 01/12/2004 - 20:17 (elvira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sabu saíu para a rua, naquela manhã cinzenta, depois de ter escrito em papel mata borrão o seu plano diarístico, porque ele não era homem para saír sem um objectivo pré-determinado!No seu fato, estilo smoking, feito de "terilene"apedrejado pela década, sapato Armani,relógio Raymond Weill e óculo Mássimo Dutti,enfiou-se no seu coche, último modelo, do ano que o adquiriru...e rumou para o "Mosteiro", onde acolheu o seu irmão de eleição,monge por predilecçãoe, com muita vocação.
Deslizaram pela Bracara Augusta, ele,Sabu, com dois "books"(ainda não ebooks, mas pouco faltará)muito em voga, um de sertanejo religioso: de Santo Agostinho, o outro de António Lobo Antunes, valiosíssimo,pelo seu tirilar às pedras.
Foram ao encontro do sangue de Sabu, sua irmã, que por coincidência sou eu,a narradora, humilde cidadã do Universo da existência.Ponto de encontro: loja dos chineses, homens e mulheres de trabalho,onde as horas não têm tempo.Umas meias,um verniz e umas velinhas, estas últimas para aliviarem a incerteza das angústias de uma comunidade de ditos letrados , mas a sofrer de iliteracia compulsiva.
Volvidos os momentos de compra e venda, depois de muitos apalpões aos produtos expostos,de preços esmagadores(Ah, concorrência desleal, comentam os comerciantes à beira de um ataque de nervos.),conduziram-se, que é como se diz, encaminharam-se para o coche de Sabu, onde se encontrava o verdadeiro, fidedigno e fraterno irmão Adonis.No seu alegre e puro tibutear, saudou a princesa-madame, cedendo-lhe honras de primazia, junto ao motorista, interpretado pela personagem mais emblemática e conhecida da cidade: Sabu!
Ávidos pelo conta/reconta, plenos de saudades de si, conversaram sobre tudo e sobre nada.
O almoço foi de arromba, com tudo "comme il faut", condigno ao gosto de Sabu e Lda...à parte um incidente de quebra loiça, levando ao rubro a sua autora,a qual para não desviar uns arranjos florais da nossa e sua mesa, preferiu encurtar a sua bandeja(mau golpe de vista, coitada!)num espaço exíguo, pelo que não resultou.E"catrapum", lá se foi a loiça, batatas fritas e salada de frutas.Não fossem os olhares interrogativos dos curiosos sobre a pobre senhora, o marido não teria contido a sua fúria típica de macho latino, que os tem no sítio...esboçou um maleito de um sorriso compreensivo.Pegou no cartãozinho e entregou-o à sua doce a fim de fazer mais uma aquisição de comidinha,no entanto, não se coibiu de dirigir-lhe um olhar de advertência em forma de cartão vermelho, se ousasse repetir a proeza, apesar de ainda terem algum dinheirito, motivo: subsídio de Natal!
O trio: Sabu, Adonis e moizinha,abandonou o recinto, muito consternado, prém muito aliviado, porque ainda bem que aconteceu à pobre senhora...apesar de sabermos todos que os outros dos outros somos nós!!!
Lá fomos para o coche BMW, matrícula TD(Totuus Deos!)E, depois?
Sabu puxou da sua agenda cerebral, declinou todas as sugestões humildes por nós indicadas...pois, pois, deve ter pensado"faço um manguito" às vossas rudimentares propostas, embuídas de cheiro a tasca e confusão, nada digno de um trio obediente à moral e bons costumes.
Chave na ignição e arrancou para a Falperra- Santa Marta.Adonis acoitou a surpresa, como sempre com candura e moizinha, também, até porque era feriado e comemorava-se a Restauração.Claro que era o dia dedicado à Sida: doença da solidão...flagelo mundial.Momento de reflexão,agradecimento e oração pelos que padecem desta doença...
Sabu dirigiu-se ao Hotel, cheio de estrelas e perguntou à recepcionista se podíamos tomar um café.Que sim, claro, era só virar à esquerda.Sabu foi verter águas, no entretanto, escolhemos uma mesa num recanto, sentámo-nos nos maples e pedimos café, aliás, euzinha,porque sou mal educada e não deixei que viesse o anfitrião do dia.Etiquetas e Boas maneiras seria o tema a discutir, Adonis pensou! Porém Sabu preferiu fazer apologia à sua escolha.Realmente uma belissima escolha, sem dúvida, não fossem os sofás afundarem-nos, tudo seria "parfait".Ainda sugeri um ponche, no entanto...os dois monges, fartos de licor, fecharam-se em copas.
Ainda a procissão ia no adro.
Muitos assuntos, muitas considerações, guilhotinadas pelo iluminado Sabu, a modos que se decidiu ir ver sapatos em Ponte S.João.Sabu irá atingir o meio século, andou já muito, pelo que gastou muita sola- orgulhosamente, claro!Precisava muito de um par de sapatos...não podiam era ser caros.Adonis já na mira de o presentear, incitou-o à compra de um par levianamente desportivo, cómodo e até moderno.Havia um ligeiro senão: não se coadunavam com o seu estilo de lord Inglês, mas por trinta euros, uma pechincha...toca a trazê-los na saca,porque não davam com a sua fatiota domingueira.Adonis escolheu uns ao seu modo, belos, mas muito discretos.
À saída,Sabu,colocou um olhar taciturno, movido por uma ira de raíz ao deparar que a porta do coche estava ligeiramente arranhada.Quase grunhiu...malditos condutores de feriado, campónios, parolos...e nada mais disse em prol da sua abnegação missionária,
embora pensasse, como mortal que era, vitupérios que fariam corar a mais virginal das
virgens!
Adiante que se faz tarde, pois é Inverno aqui na bela Lusitània!
Rumo à Bracara Augusta...falou-se em chá na minha casinha, porém, intempestivo por excesso de zelo, Sabu deu a ideia de irmos comer uns jesuítazitos, até porque tinham a ver com o contexto do vicariado, cidade berço-arcebispos city.Tela mais linda não lembro: o desgustar dos doces pelo trio, que de Odemira nada tinha.
Já cá fora, sob uma chuva ameaçadora, Adonis impugnou a investida de darmos uma derradeira olhada aos chinos,porque vislumbrou uma cinzenta senhora, douta de expressão, beata piedosa.Não fosse ela declinar o seu livre deambular, deitou a apressar o passo, rumo ao coche BMW.Seguiram-lhe as passadas a dupla de apolíticos que marcou uma geração de idealistas altruístas.
Becas, filhote de eleição, porque também único, aparece de um jogo de futebol prazenteiro...beijinhos e abraços, rapidez nos movimentos, porque amanhã é dia de trabalho, há testes para dar e receber, despedimo-nos dos monges devotos.Reparei que Adonis continuava na sua peculiaridade, com a sua boina e o seu saco chocapik.Enterneci-me...rumei para o Clio , matrícula Fx( Fonix!)e logo senti a diferença de coches:BMW com televisão, bons estofos, motorista requintado...e o Renault, à excepção de ser de origem francesa,apenas tinha um rádiozito, melhor que o do Bozo da Ilha do Governador.
Madrid será a próxima etapa...depois vos relatarei...entretanto esta dupla de amigos, monges por vocação,continuará a viver em harmonia, fazendo uma dupla perfeita...pelo pulular de boas intenções e por terem um coração cheio de amor, apesar dos defeitos,tão mortais, claro!
:)Elvira
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui