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cronicas-->E-mail de Nova York -- 30/11/2004 - 10:54 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma amiga esteve em Nova York por uns dias e me mandou vários e-mails. Achei este de maior interesse:

"Querida Érica,
ontem à noite, depois do espetáculo, resolvemos andar pela Broadway. Sábado de noite na Broadway! Eta vida! - A noite é muito parecida com o dia - porque a iluminação é demais. As fachadas dos prédios servem de tela de milhares de imagens, desenhos, publicidade, uma loucura de cores espasmódicas de tão vivas. - A cidade está diferente em vários sentidos. Tem mais polícia do que pombo na Praça São Marcos [essa amiga é muito viajada, ela sempre faz referência a outros lugares já visitados]. Isto é bom, pois já não se vê tanto mal-encarado como antes [ela já esteve várias vezes na cidade, daí a facilidade em comparação].

Quero te contar do meu sufoco na Broadway. Tinha tanta gente, mas tanta gente, que mal podíamos nos mexer. Andávamos como carregados pelos cotovelos e ombros dos outros - meus pés mal tocavam o chão. Mas eu olhava para baixo pra me fixar na calçada, antes que algum aventureiro me levasse pelos ares. E nisto de olhar pra baixo, vejo, ainda a alguns passos de meus pés, uma moeda - a que eles chamam de "quarter" - 25 centavos. Uma moeda no chão da Broadway! Por que a moeda estava lá? Ora, por que ninguém conseguia se abaixar para apanhá-la! Dinheiro é dinheiro, pensei. E 25 centavos de um dólar é real pra caramba! Real em ambos sentidos - no sentido de ser mesmo uma moeda pagante e no sentido de eu ter pago um saquinho de reais pra levantar um dólar.

Mas e agora? Como é que eu ia poder levantar aquele "quarter" do chão? Se eu me abaixasse, com tanta gente fazendo pressão, iria pro chão. Se passasse pela moeda sem a levar comigo, nunca me perdoaria, nestes tempos apertados. Mas quem estava sendo apertada por todos os lados era eu. E a moeda já estava quase-quase embaixo da minha sola. Passei por ela sem poder me abaixar pra levantá-la. Dura realidade. Era a moeda ou eu. Pra eu chgar com a mão até a moeda e conseguir erguê-la do chão seria o que o mundo precisava pra passar o trator humano pra arriba de mim. Não dava. Passei pela moeda. E fui até a beira da calçada. Paramos pra esperar o sinal abrir. - (Sabe que quem pula pra rua durante a espera leva uma multa daquelas.) O sinal abriu e aí veio aquela avalanche de gente atravessando do outro lado da rua pra onde eu estava. E nisto me fizeram dar uma volta de 180 graus, eu sem me mexer! - Me viraram pra voltar pro mesmo caminho de onde tinha vindo. Ah, de repente, vou poder pegar a moeda - isto é, se ainda estiver lá.

E estava. Vi a moeda brilhando na calçada escura. Estava lá. Era agora ou nunca. A multidão me apertando de todos os lados (não se incomode, todo o mundo de casaco grosso e alguns até fofos...). Era agora ou nunca. A moeda chegando perto -ou era eu que estava chegando perto dela.

Ah meus ricos reais - tão poucos, claro, mas tão suados! - e aquela moeda. Já nem se tratava de ganhar um "quarter" na Broadway, agora era uma questão pessoal - essa moeda que ninguém pode alcançar, essa moeda eu vou pegar!

Resolvi diminuir minha própria velocidade - pra abrir espaço pra mim mesma. Mas não contava com as trombadas vindas de trás e dos lados. Ao diminuir a minha marcha, a dos demais continuava igual - e daí os empurrões e os amassos.

Mas abri uma clareira. A moeda ali. Era só me abaixar na vertical, joelhos dobrados rapidamente, estender a mão, fisgar a moedinha com as pontas dos dedos. Moedinha é minha!

Ledo engano. Não sei de onde, mas uma menina muito espertinha e vivinha, deu um salto e pimba! - agarrou a moedinha com a palma da mão. E a levantou, como pra me mostrar o trunfo - espertinha a garota! Sabe como ela conseguiu pegar a moeda com a mão espalmada? Adivinhe! - Botou um chiclé na mão e plaft! - grudou a moeda no chiclé e assim a levantou.

Perdi um "quarter" - póxa, que chato! Fui embora dali pensando, ué, enfim, uma moedinha das mais mixas... ah se fosse uma nota de um dólar, aí seriam outros quinhentos. Tudo é relativo...

Um beijo novayorkino,
Ieû."
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E.E.
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