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Contos-->BAIANADA -- 18/06/2007 - 16:26 (Geraldo Lyra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Qem conheceu a praia de Boa Viagem no tempo do bonde - um com seu próprio nome e outro que ia mais longe, a partir do Centro do Recife até a praia de Piedade, este também conhecido pelo nome do destino - lembra-se da vida tranqüila, sem notícias de assaltos, de traficantes e drogados e, muito menos, de turismo sexual praticado por "gringos" esperados por mocinhas pobres no Aeroporto dos Guararapes e levadas para a orla marítima...
Era uma vida pacata, bucólica (até a década de cinquenta), sem o luxo dos hotéis e super-mercados de hoje. Se era melhor ou não, as opiniões variam; pois, argumentos existem a favor do passado, como os há, com certeza, a favor do presente.
O caso a seguir, porém, aconteceu há cerca de uns dez anos, e, portanto, é do presente.
Um advogado e uma professora, jovens e belos, casados de pouco, foram residir em apartamento de primeiro andar - na famosa praia - em edifício da Rua dos Navegantes: para quem ainda não veio à Veneza Brasileira, informamos que tal rua é paralela à Av. Boa Viagem(beira-mar) e tem, do outro lado, a Av. Conselheiro Aguiar, o que corresponde - mais ou menos - à Av.Atlântica, à Av. N. S. de Copacabana e à Barata Ribeiro, no Rio. Aqui a via do centro - a Navegantes - ainda hoje é a mais tranqüila e preferida de muita gente, mesmo sem vista para o mar. De qualquer forma fica a menos de cem metros da praia de que a professora (chamemo-la Dulce) era assídua frequentadora, seja pelos exercícios que fazia para manter o corpo escultural, seja para tomar um bronzeado. Como dava aulas à tarde,tinha as manhãs livres para a prática do seu "hobby".
Já o Dr. Marcos (digamos ser este seu nome), só a acompanhava nos fins de semana, pelas inúmeras causas no Forum, que o obrigavam a dar dois expedientes - escritório na Av. Dantas Barreto, Centro -, dedicado que era à sua profissão.
Voltemos, todavia, à professora Dulce: acompanhada de uma empregada doméstica, com alguma parenta, amiga ou sozinha, não perdia uma praia. Só se chovesse forte ou por motivo de gripe (o que era muito raro, pois, vendia saúde aquela linda mulher).
Certo dia, contudo, quando se preparava para mais um banho de mar, o telefone tocou e era Dr. Marcos, dizendo-lhe de uma viagem que faria a Maceió-AL, naquela manhã; e pedindo que arrumasse sua maleta. Daí a cerca de uma hora, ele chegou acompanhado do amigo do casal conhecido por X-9, o qual era investigador e fazia um "bico" como taxista.
O advogado, sorridente com a antevisão da boa grana que iria ganhar, e pela presteza da querida esposa, despediu-se dela entre beijos e abraços, e recomendou-lhe que tivesse cuidado com a janela defronte da marquise. Ao que ela retrucou:"Vá sossegado, amor, que estarei atenta." "Tudo bem, disse ele, talvez demore uma semana."
O trabalho em Alagoas durou, apenas, de três a quatro dias e foi um êxito para o jovem causídico.
Quando chegou de volta, despediu-se do amigo na portaria e subiu a escada para o primeiro andar, tal a ansiedade de rever sua querida Dulce: nem quis esperar elevador! Ao tocar, porém, a campainha pela segunda vez, a porta abriu-se e ele viu a sua amada em prantos. Abrçaram-se e foram sentar no sofá, quando ele indagou:"O que aconteceu?" E ela, soluçando: "Querido, alguém entrou pela janela - justamente a que você me recomendou tanto! - , perdoe-me amor! Não sei como aconteceu, mas,levaram nossas jóias!"
Tranquilize-se, disse ele, com afeto e com carinho, e acrescentou:"Vou ligar para o X-9 e solicitar a colaboração dele junto ao delegado do bairro, para ver se recuperaremos nossos bens". Dito e feito. Ligou para a delegacia e, por sorte, falou com o amigo, contando o ocorrido. Então, X-9 disse que ia falar com o delegado e solicitar-lhe mais dois policiais conhecedores da área. Depois daria resposta.
No dia seguinte, o policial ligou dizendo que conseguira dois investigadores e já estavam trabalhando no caso. Entretanto, o delegado disse que lhe falasse para colaborar no abastecimento das viaturas. Tudo acertado, X-9 foi pegar um cheque no escritório do Dr.Marcos, e, depois - não mais que uma semana - , o telefone do advogado tocou e o próprio delegado falou que tinham prendido o gatuno e que o casal comparecesse para o reconhecimento do produto do furto.
No dia seguinte, marido e mulher, acompanhados do X-9, foram à delegacia. Lá chegando, o delegado mostrou numa mesa, um lenço com "motivos" de Salvador (a imagem do Elevador Lacerda, por exemplo), umas figas, patuás, e um relógio usado. Dr.Marcos, exclamou:"Esta merda - desculpe "seu" Delegado! - não é nossa! Nos surrupiaram jóias de valor!" Então, o delegado gritou para um carcereiro: "Vá buscar o elemento!". Daí a pouco, apareceu um cara algemado, que foi logo dizendo:"O "causo" foi o seguinte, "dotô": eu andava por Boa Viagem pensando em "defender algum", porque estava liso, quando ví uma escada dando sopa numa construção. O vigia tirava um cochilo e eu botei a danada nas costas, atravessei a rua e entrei no primeiro prédio com portão aberto. O porteiro chegou a gritar: "Ei, rapaz!Para onde vai com essa escada?" Na hora, eu ví uma janela aberta e respondí: "A "madama" do primeiro andar alí mandou eu fazer a limpeza!" Aí, buzinou um carro para entrar e eu fui em frente. Ao pular para dentro do apartamento, eu ví as roupas aí do "dotô" e da "madama" espalhadas no sofá. Mexi em todas as "gaveta" que fui vendo e encontrei as "jóia". Já tinha botado no pulso o "relojo" qui tava no paletó, e, no bolso, os "negoço" de macumba aí do lenço baiano. Foi quando escutei um ronco e fui, pé ante pé, até a porta do quarto entre-aberta: o "dotô" e a "madama" estavam numa boa("tipo relaxe e goze"...) e eu fiquei com medo. Saí devagarinho, descí a escada e agradecí ao porteiro, dizendo que já voltava. No calçadão, vendí as "jóia" a uns "gringos" e fiquei com o "relojo" e esses "negoço" aí, pra me dar sorte..."
O leitor poderá pensar na janela aberta: o baiano abriu enquanto D. Dulce tomava banho. Quanto à empregada doméstica, ou foi cúmplice, estava de folga ou a patroa mandou a algum lugar...
Depois das confissões do marginal, Dr. Marcos ficou lívido, vomitou e precisou ser socorrido numa farmácia próxima: dos males o menor - não foi hospitalizado.
A professora infiel chorou muito nos braços do X-9 e ouviu do marido(na volta da farmácia):"A partir deste momento, não voltarei a viver com esta mulher - vamos tratar do divórcio!"
O que não fazem um baiano conquistador e uma janela aberta! Se esta tivesse continuado fechada e Dr. Marcos tivesse demorado mais tempo, o fim desta história seria outro, talvez até com mais uma tragédia por motivo passional.

OBS. Este texto foi escrito em 29/12/2001 e apareceu nesta Usina na mesma data. Todavia, não tem sido registrado o número de leituras. Por que, "seu" Waldomiro?
A propósito, fineza mandar apagar BAIANADA(2).
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