Eu hoje, sinto-me à flor da pele,
Amargo, como o beijo dado sem amor.
Sinto-me coerente, exigindo o impossível,
Como em meia oito - em Paris - nas barricadas
E por aqui, nas passeatas, de braços dados
Com os que hoje saqueiam a Pátria,
Disfarçados de salvadores, em seus ternos italianos,
Da mesma forma como foi feito desde o Império.
Uma vez ensinaram-me, ser a política a arte do possível.
Que tudo se legitimaria, para alcançar-se o bem comum.
Hoje eu sei, que a tradução de comum é vulgar,
No fisiológico dicionário de quem sujou suas mãos na lama,
Para depois declarar, que sujar-se é o mesmo que libertar.
Tudo parte de um mesmo projeto (ou deveria dizer dejeto?),
Confusão despercebida, por quem vive a catar migalhas
Julgando-se privilegiado, em troca de favor nenhum.
- por JL SANTOS, em 14/03/2008 - |