Eu faço poemas
simplesmente porque os faço.
Eu escrevo
porque a palavra me vem inteira,
atando-se a mim por um laço,
que a faz minha companheira,
andando no mesmo passo.
E, se o poema parece comigo
é fruto de coincidência,
pois escrevo a esmo,
sem pré-ciência,
como quem prefere torresmo,
de tira-gosto no bar,
como quem coçando o umbigo,
descobre o prazer de amar.
Assim, é o meu poema desajeitado.
Um pouco de tudo.
Influência de todo lado,
Vontade de não ser ninguém,
de provar de cada sabor,
de saber o que a vida contém
e se, às vezes, me desnudo,
faço-o como o apicultor,
que se veste de lona e tela,
para não sentir o ferroar da dor,
sempre presente, sempre bela,
em sua tarefa incessante
de a razão nos devolver
a cada instante.
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- por JL Santos, em 27/03/2008 - |