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Artigos-->O Ponto. -- 05/11/2002 - 17:12 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PONTO

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Escrever sobre o ponto, em princípio, assustou-me. E isto porque o ponto dá a idéia de final. Do que já foi escrito. E um ponto seria um ponto. E ponto. Acabaria assim a redação. Mas, refletindo um pouco mais, cheguei a conclusão de que o tema é interessante. E bem mais abrangente do que se supõe. Difícil até de estabelecer limites. Por isso resolvi aceitar o desafio. E convido o leitor para esta jornada.



O ponto de partida será a exploração do tema sobre vários pontos de vista. É ponto de honra estabelecer um conjunto de idéias que guardem, entre si, alguns pontos de convergências, a fim de evitar divagações estéreis que possam induzir ao fastidioso caminho da prolixidade.



Para tanto, solicito a necessária paciência do leitor. Aposto na sua curiosidade. E torço para que, juntos, possamos “viajar” até o ponto final desta história, aparentemente inusitada, com o propósito de atingirmos o seu ponto culminante. É como escalar uma montanha. Não sabemos como e nem mesmo se chegaremos lá. Mas temos um ponto de mira, um objetivo, que é o de atingir o seu ponto mais alto. E é prá lá que nós vamos.



A promessa é tornar a viagem a mais agradável possível. Procuraremos, juntos, estabelecer razoável ponto de equilíbrio entre as expectativas de escrever sobre algo cujos limites ainda não sabemos; e até que ponto poderemos fazê-lo. Começaremos por tentar definir o que seja um ponto.



O ponto é mais do que um simples sinal de pontuação com que se encerram períodos, idéias ou pensamentos. Uma de suas características é a de ser um vasto campo de conotações entre coisas e idéias. Possui, o ponto, por isso mesmo, múltiplos empregos, que ajudam a compreender melhor as coisas e os fatos. Sua forma é, geralmente, a de um pequeno sinal, de forma circular, semelhante àquela que a ponta do lápis imprime no papel. Em princípio, o ponto é, no mais das vezes, visto à distância e, sendo assim, ele sempre se nos apresentará sob a forma de círculo.





O ponto faz parte do nosso quotidiano. Ele interfere, também, nos aspectos de ordem física e mental. A vida agitada de nossos dias, repleta de pontos de impacto, nos deixam, muitas vezes, sem um ponto de referência. Sentimos apenas alguns sintomas. Dor de cabeça, sensação de frio, moleza e apatia. Nestas horas surgem os pontos de fuga da realidade. É quando entramos no ponto crítico da questão; e procurando entendê-la, adquirimos o estresse, a depressão e a solidão. E as doenças começam a ganhar corpo. Pontos de ruptura da nossa saúde. Pontos sintomáticos. Pontos de observação. E só procuramos o médico quando surgem os pontos de interrogação. As dúvidas. E durante a consulta surgem os pontos de exclamação. Em casos mais graves, ficamos sabendo que nossa vida está em perigo. Que precisamos colocar alguns pontos parágrafos. Para que não cheguemos ao temido ponto final.





E há inúmeros outros pontos que permeiam o nosso dia-a-dia; e que passam despercebidos. O ponto de ônibus, o ponto onde registramos a presença ao trabalho. O ponto de jogo de bicho, onde fazemos nossas apostas. O ponto de táxi, mais próximo de nossa casa. O ponto de macumba, para os adeptos da religião. O ponto que o sapateiro emprega para aumentar o tamanho de nosso sapato apertado, e assim por diante.



Há, ainda, os pontos que ora nos alegram, ora nos entristecem: são os pontos que aprovam ou reprovam nossos filhos na escola; os pontos obtidos nos jogos da lotérica; os pontos vermelhos do sarampo que aparecem e desaparecem no corpo de nossos filhos; os pontos cirúrgicos que costuram cortes e unem tecidos; o ponto em que paramos a leitura de um livro; o ponto de mira, no sentido da direção ou da decisão que às vezes somos obrigados a tomar; a apreensão sobre até que ponto teremos chances de reverter esta ou aquela situação, enfim, vários pontos e uma certeza: a de que, em qualquer situação, não se pode entregar os pontos; ao contrário, faz-se necessário colocar os pontos nos is, sem dar ponto em nó, para não complicar.



Mas o ponto é algo mais importante do que se imagina. Ele acompanha a humanidade desde o início dos séculos. Segundo os cientistas, o universo era apenas um ponto isolado na galáxia. Até que veio a explosão descrita numa famosa teoria que tenta explicar a origem do mundo. O ponto onde tudo começou. Nesta hora, a escuridão foi invadida por uma forte luz, que resultou no aparecimento de milhares e milhares de pontos brilhantes. Eram as estrelas e os demais astros. Estrelas e astros que passaram a guiar os passos da humanidade.



Foi seguindo estes pontos luminosos que os três Reis Magos encontraram o filho de Deus, há cerca dois mil anos. E foram guiados pelos astros, pontuados no céu, que os primeiros e grandes navegantes descobriram e exploraram novas terras e nosso planeta. Assim foi descoberto o Brasil. Assim descobriram as Américas.



E quando Cabral aportou em terras brasileiras, o ponto de referência foi o Monte Pascoal, onde foi rezada a primeira missa. Depois vieram os pontos cardeais. Os portugueses verificaram que no Brasil existiam os indígenas, que se valiam de pontos brilhantes para orientar suas atividades de caça, pesca, plantio e colheita. E foi através de pontos luminosos que os índios desenvolveram suas crenças e seus mitos. E o sol e a lua passaram a ser pontos de adoração.



Hoje, mais do que nunca, não se vive sem o ponto. Ele está por toda a parte. Nos milhares de cheques, notas promissórias, faturas e duplicatas que são preenchidos diariamente, dividindo os valores por casas decimais. Nas páginas dos jornais, e em todas as correspondências, eles estão presentes, finalizando frases, parágrafos ou definindo os percentuais de inflação, de quedas e altas de moedas estrangeiras, de ações nas bolsas de valores e de juros praticados pelo sistema financeiro nacional.



E já se fazem presentes na era da informática, no mundo da Internet, no tempo da comunicação global. O ponto invadiu as páginas dos endereços eletrônicos, colocando-se depois dos “www” e da arroba, e antes dos incontáveis “ponto com”, “ponto gov” e “ponto br, para ficarmos apenas no Brasil. .



As conclusões a que chegamos são duas: primeira, a de que o ponto, realmente, é muito mais do que um simples ponto, conforme pensávamos no início de nossa viagem. Depois, a certeza de que o ponto final não existe. Ele só existe enquanto ponto parágrafo, a partir do qual passamos para o parágrafo seguinte. E a vida continua até o seu ponto culminante, a morte.



Nesse momento, assinalamos mais um ponto parágrafo e iniciamos uma nova vida. Desta vez num ponto mais alto e mais divino. Mais precisamente no céu, junto de Deus. Deus que é, por Sua vez, o ponto de chegada e de partida para uma nova vida, a vida eterna.



E assim chegamos ao ponto de entendimento do cerne da questão principal: o ponto é o início, o meio, o fim e o recomeço de um ciclo infinito. Por isso, podemos afirmar, não existe ponto final. Nem esse que aqui se coloca para concluir este artigo, que, certamente, não será o último, como não foi o primeiro. E ponto.



Domingos Oliveira Medeiros.

Reap.e reconstituído.





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