Edmar encaminhou-me para a sua sala de visitas, uma agradável dependência sóbria e comodamente decorada. Com um indicador gesto manual, convidou a sentar-me num dos maples em cabedal genuíno. Abrindo o fio à conversa, atirei de sopetão:
- E pois... Meu caro... Porque não te ocorreu apresentar-me a tua prima?
- Oh... Torre... Sim, foi isso, não me ocorreu de todo. De resto, decerto constatas que na situação não tive propósito algum em apresentá-la ou não apresentar...
De seguida, enquanto lhe expunha o assunto da minha urgência em contactá-lo, verifiquei, pela porta entreaberta da sala, que numa outra dependência, também com a porta semi-aberta, estava um toalhete higiénico amarrotado no chão, exemplar e muito provável indício do que Edmar e a esplendorosa prima teriam antes levado a cabo.
Em consequência, naturalmente curioso, dito o que de importante e pessoal tinha a dizer a Edmar, voltei à carga sobre a boazona da prima:
- Mas... Ó Edmar... A prima... É mesmo deveras tua prima... Ou?...
- Ó Torre... Por amor de Deus. A Edna?... A Edna é minha prima legítima, filha de meu tio Edmundo, o da ourivesaria, que aliás conheces muitíssimo bem do Caipirinha...
Edmar foi saindo da sala na direcção da porta da rua. Segui-o e após um efusivo cumprimento de despedida, saí, saí com a maravilhosa prima do Edmar no pensamento, intrigado pelos inesperados efeitos que aquela bela mulher me deixou no raciocínio...
Esta saga seguirá oportunamente.
Torre da Guia = Portus Calle |