Ouço a chuva solitária e fria,
escorrendo em meu desejo...
Sou a nau dos teus beijos,
quase sempre sozinha.
Sou a chuva que molha teu medo,
antes que vire pó em tuas entranhas...
Sou quase sempre o que não te sacia,
a não ser quando estamos à sós.
Sou esta densa muralha
de sonho, pesadelo e morte
e antes que a chuva termine,
nesta tarde de domingo,
vou me agarrar em teus cabelos,
sussurrar em pele e fogo
a névoa fria destes pingos...
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