Usina de Letras
Usina de Letras
291 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62174 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50577)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A Reforma no Campo Literário -- 04/11/2002 - 18:49 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Reforma Agrária e Literária

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Todo mundo deveria ter direito ao seu cantinho, ao seu pedacinho de terra. E todos deveriam, também, aprender a escolher as sementes para poder plantar suas melhores idéias e seus mais ambiciosos sonhos. Graças a Deus, em primeiro lugar, e depois aos meus pais, amigos e um pouco de esforço próprio, tive a oportunidade de aprender um pouco da jardinagem da vida, de escolher sementes, de preparar o chão, e de produzir, de início, pequenas flores e colher alguns frutos.



Tenho, portanto, o meu cantinho. Aliás, nesta vida, a gente vai aprendendo a descobrir ou “invadir” vários cantinhos. Vários canteiros. Diversos pomares. Aproveitando todo o espaço que surge. Aqui mesmo, nesta pequena chácara de sonhos, neste espaço eletrônico, há vários pedacinhos de terra que formam uma colônia de agricultores que plantam sonhos em forma de flores e de frutos.



É bem verdade que, algumas vezes, nem todas as sementes dão frutos; não são todas as flores que nascem; e nem todos os frutos são doces. Mas isto é normal. Como diz a sabedoria do povo, tem gente que tem a mão boa para plantar; e tem gente que não nasceu para revolver a terra. E tem, ainda, a questão do tempo e do conhecimento adquirido.



Às vezes, plantamos no dia errado. Mas, a cada dia que amanhece, ressurgem, junto com o sol, as chances de um novo aprendizado. Aprendizado que começa com a prática da humildade, passa pelo reconhecimento de nossos próprios erros, e chega até o nobre pedido de perdão. Essas as principais ferramentas. As enxadas e os ancinhos que nos ajudam a produzir bons frutos. Sempre é tempo de refazermos os canteiros. De mudarmos o adubo. De aprender a plantar com mais carinho. Só desse modo as flores crescerão mais belas e os frutos nascerão mais doces.



Aqui tenho o meu cantinho. E são vários os meus canteiros. Aqui planto minhas idéias e meus sonhos. É um canteiro pequeno, ou melhor, do tamanho certo, pois não tenho propósitos econômicos imediatos. Objetivos comerciais de produção e de comercialização. Aqui eu planto para o consumo próprio e de meus amigos. Que gostam, como eu, de sujar as mãos com terra. Com a mesma terra de onde viemos e para onde, por certo, voltaremos. Somos pó, não nos esqueçamos. E em pó nos transformaremos.



Aqui, a produção fica por conta da natureza. Não há a preocupação com a quantidade. O que der de frutos e de flores, como disse acima, será para consumo imediato. E a maior parte, a grande sobra, é para distribuir entre os meus semelhantes. Aí está, talvez, a minha maior alegria. Saber que estou, de certa forma, contribuindo para que as pessoas se alimentem com o fruto da experiência alheia. Do saber vivenciado. Do conhecimento adquirido. Da experiência trocada. Da esperança que foi transformada pelos anos em pedaços de certezas absolutas.



Nós, os jardineiros sonhadores, que plantam e cuidam de jardins, pomares e hortas, aprendemos uns com os outros. Ninguém sabe a lição completa. Trocamos experiências. Que ultrapassam o simples prazer de plantar e cuidar doso jardins. Conhecemo-nos melhor. Corrigimos e somos corrigidos. Aprendemos a utilizar o melhor adubo, o menos artificial possível, aquele mais natural. O ais puro e o mais verdadeiro. Que não intoxica a alma. Mas que, sem agredir a natureza, nos ensina como tratar dessa ou daquela doença;dessa ou daquela praga. Ensina como identificar as ervas daninhas, as larvas e os mosquitos que atacam e destroem a nossa plantação, nosso relacionamento, enfim. Um constante aprendizado que caminha para a perfeição.



Esta é a reforma agrária que mais desejo. Sem poeira, como aliás, deveriam ser todas as reformas. A poeira, quase sempre, é sinal de conflito, de lutas e de incompreensão pela distribuição e posse de um pedaço de terra. A poeira não deixa ninguém ver as coisas com clareza. Por isso, uma boa reforma depende, primeiro, de esperar a poeira da intolerância baixar. Só então, poderemos distribuir os pedacinhos de terra, como se fossem pedaços de um bolo de aniversário comemorativo do bom senso. Por isso, devemos continuar lutando, mais do que nunca, e em primeiro lugar, para que a reforma agrária se dê no campo da educação para, depois, passar para o campo do trabalho e da produção.



Domingos Oliveira Medeiros

Original de 30 de março de 2002- Restabelecido

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui