Cheguei e você já estava.
Fui ao seu encontro e você me olhou. Rosto cansado, olhar sério.
Bem você, que sempre sorria.
Sentei-me e animadamente pus-me a contar sobre os últimos acontecimentos.
Você escutou, sem interesse. Nem mesmo sei se realmente escutava.
Bem você, que se interessava pelas mínimas coisas.
Segurei a sua mão, afaguei seu rosto, deslizei meus dedos pelo seu braço.
Você não teve reação, não fez movimento algum.
Bem você, que não podia estar perto de mim sem me tocar.
Calei-me, fiquei quieta, esperando que você dissesse alguma coisa.
Você nem percebeu, perdido em seus pensamentos.
Bem você, que gostava de partilhar todos os momentos.
Perdi-me em mim mesma, entristeci. Sem querer escapuliu uma lágrima.
Você viu como se não visse, perdeu seu olhar no vazio.
Bem você, que de tudo fazia para me alegrar.
Perguntei o que se passava, se havia algo que queria me dizer.
Olhou-me irritado, que mania a minha de achar que acontecia alguma coisa.
Bem você, que não se cansava de dizer que tudo deveria ser conversado.
Senti um nó na garganta, um aperto no peito. Não soube como agir.
Ali fiquei, incapaz de qualquer movimento.
Bem eu, que sempre me movia com facilidade.
Até que saí de mim. Alcei vôo.
Cada vez mais alto. Cada vez mais longe.
Não voltei.
Bem eu, que daria tudo para ficar ao seu lado.
Tita Ancona Lopez
21/12/06
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