Usina de Letras
Usina de Letras
252 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140788)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6177)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Humor-->Novo Índice Econômico ? -- 11/02/2004 - 21:00 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ELA ESTÁ EM EVIDÊNCIA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Há tempos que ela aparece. Geralmente, entre dezembro e janeiro. Mas, neste ano de 2004, ela veio para ficar. Trazendo em seu bojo a marca do paradoxal. Do contraditório. Que ao mesmo tempo que agrada, que é desejada, pode, em questão de horas ou dias, desagradar, passando de heroína à vilã.

E já superou a popularidade da Economia. Aliás, melhor dizendo, tudo indica que ela substituirá, com folga, toda a fama da economia. Ocupará seus espaços na mídia. E criará seus próprios índices. O primeiro deles, já em pleno vigor, o “risco-chuva”.

Este novo índice é bem mais abrangente do que o obsoleto risco-Brasil. E mais prático. Pragmático. Atuando em todos os ramos do conhecimento. Em todas as esferas de interesses da sociedade e de nossos governantes. E se comporta de forma semelhante à economia, guardadas algumas especificidades.

Quando a oferta de chuva é maior, os preços das hortaliças, frutas e de alguns cereais aumentam, consideravelmente, junto com a inflação. E passam a exigir ações concretas por parte de nossas autoridades. Não se pode valer-se de metáforas ou bravatas. A coisa é fato consumado. Transparente. E o povo não é tão bobo assim.

E não é só. A oferta de chuvas está diretamente ligada aos vários fatores e agentes da economia. No caso das exportações, ela diminui a competitividade de nossos produtos, em desfavor da balança comercial, na medida em que provoca quedas de barreiras, aumentando os riscos e os buracos de nossas estradas, dificultando e encarecendo o escoamento de produção.

Na política, ela mexe com todas as esferas de governo: federal, estaduais e municipais. E coloca em cheque a atuação do presidente, dos governadores e dos prefeitos. Há casos em que ela é capaz, inclusive, de arrastar para o ralo as pretensões de reeleição.

Os estragos que a chuva faz na economia e na política são bem maiores do que a inflação. Vultuosa soma de recursos financeiros são liberados para atender aos milhares de desabrigados. O próprio presidente, por causa das enchentes, já pensa em liberar o FGTS, objetivando cobrir os custos para reconstrução de casas e reposição de bens móveis destruídos pelas enchentes.

Além disso, somem-se às despesas com vacinação e outras com ações de caráter preventivo, em relação aos abrigos e as doenças provocadas por ratos, baratas e acidentes diversos, que chegam depressa, como a correnteza, surpreendendo a todos.

De idêntico modo, quando o risco-chuva está em baixa, todos reclamam. A região nordeste, principalmente, porque passa a conviver com a seca; que inviabiliza o plantio e a produção agrícola; que diminui as chances de sobrevivência; que mata de fome ou de desespero, homens e animais.

Mas o risco-chuva tem seu lado positivo. Tanto faz se ele está subindo ou descendo. Há sempre os que ganham e os que perdem. Como na economia que conhecemos. Ganham, na seca, os políticos que fornecem ajuda imediata. Caminhões distribuem água; poços artesianos são perfurados. Aumenta o número de empregos temporários. Campanhas de fraternidade são deflagradas. Caminhões lotados de gêneros alimentícios de primeira necessidade, em forma de cestas básicas, são recebidos pela população faminta com choros, risos e aplausos.

Ganham os agentes funerários, que vêm seus negócios serem reativados. Ganham os fornecedores de cimento e tijolo. De ferramentas para construção de açudes; ganham as oficinas mecânicas, com o aumento da procura pelos consertos de carros; ganham os técnicos em eletrônica e em refrigeração, por conta do aumento de clientes que batem às suas portas com dezenas e dezenas de aparelhos de TV, sons, geladeiras, etc.; ganham os empresários da mídia, que aumentam a venda de seus produtos por conta de reportagens as mais inusitadas.

Perde, como sempre, a população mais carente. Que sempre viveu à margem da sociedade. Sem casa, sem emprego e sem rumo. Com um direito assegurado: o dever de votar e escolher seus representantes.

Mas o risco-chuva, mesmo assim, tem suas vantagens em relação aos outros até agora conhecidos. Pelo menos, o risco-chuva é natural; não se presta à especulação. A mentira. Até porque, como vimos, o risco-chuva não precisa ser anunciado pela TV. Basta olhar para o céu: se houver nuvens negras, raios e trovões, a oferta de chuvas será grande; e o risco-chuva dispara. Ao contrário, se o céu estiver todo azul, basta olhar para o chão: se estiver seco, cheio de cicatrizes e um colorido cinza no ambiente, é sinal de queda do risco-chuva, que, a rigor, trará conseqüências semelhantes àquelas acontecidas com o risco em alta.

Por tudo o que foi dito, é forçoso concluir: o risco-chuva é melhor do que o risco-Brasil. Sendo assim, melhor faria o governo se colocasse, no Ministério da Fazenda - em vez de um médico -, um Meteorologista. Desse modo, mesmo que ele errasse, algumas vezes, em suas previsões, nada de diferente aconteceria na economia e na política. Pois, como vimos, todos ganhariam: inclusive os banqueiros. E o povo, apenas os mais carentes, continuaria a perder, como sempre.

11 de fevereiro de 2004







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui