Juntou a papelada de cima da mesa, arrumou direitinho e, em seguida, engavetou tudo.
Levantou-se, pegou o paletó que estava na cadeira, disse um "até segunda" quase inaudível aos colegas, e encaminhou-se para o corredor.
Apertou o botão do elevador e, impaciente, passou a aguardar o dito cujo que teimava em não vir.
Finalmente, veio!
Entrou com as demais pessoas no elevador e não via a hora de atingir o térreo.
Saiu apressado, esbarrando em tanta gente que, como ele, após uma semana de trabalho, ansiava por chegar em casa o mais rápido possível.
Enquanto o homem do estacionamento fazia as contas, tirou o paletó e afrouxou o nó da gravata. Pagou, entrou no carro, acionou a partida e arrancou, apressado.
No caminho, pensativo, fez um balanço da semana que passou e concluiu, peremptoriamente, que o descanso do fim de semana seria muito mais que merecido.
Chegando a casa, vibrou. Por que? Porque sua mulherzinha já estava, juntamente com seus filhinhos, devidamente pronta para viajar, tendo já, inclusive, tomado a providência de deixar toda a bagagem no jeito.
Entrou, beijou a família toda e, cantarolando, foi até o quarto para substituir a roupa de trabalho pela do fim de semana: bermudão, tênis, camisa ramada, bem folgada, bonezinho do São Paulo Futebol Clube, tudo a que tinha direito.
Agora era só colocar a bagagem no carro, esperar a esposa e os filhos entrarem, e pronto! Vamos nós!
Atravessou a cidade, não sem certa dificuldade, pois não era só ele que queria fugir do barulho, do rebuliço do trànsito, da violência urbana. Parecia que todos almejavam o mesmo fim.
Ao ultrapassar os limites da cidade, teve a sensação de que a estrada, a essa altura com o trànsito já bem reduzido, parecia abrir-lhe os braços, como que a querer tragá-lo para o destino previsto e desejado.
Com o vento a acariciá-lo, pensou em sua chacrinha, no churrasquinho do fim-de-semana, acompanhado das verdurinhas colhidas em sua própria horta, nos peixinhos que certamente iria pescar em algum pesque-pague da vida...
Um ar de satisfação e felicidade perpassou-lhe o rosto e ele, respirando fundo, dirigiu-se à filharada e à esposa, exclamando:
- Vamos lá moçada! Rumo ao paraíso! Rumo a IBIÚNA!
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