.
Todos tivemos um Olimpo
e o meu alternava sol intenso
à refrescante chuva regada a trovões.
Os deuses atuavam entre si,
atores mitológicos,
incompreensíveis e complexos.
No topo, a morada de Veus,
rainha dos deuses e dos homens.
Salva por seu pai ao nascer,
livrou-se da insanidade de sua mãe,
que assassinava os próprios filhos
ainda rebentos.
Nutrida por cabra Amaltéia,
cresceu suprema e máxima
e os habitantes do céu e da terra
reconheciam sua autoridade.
E eis que eu, pobre mortal,
cheguei a receber
durante anos de arco-íris,
leite morno e caprichoso
das próprias mãos de Veus!...
Privilegiada ao extremo,
propunha-me incessantemente
a idéia de força e nutrição.
Até que Plutão ressurge
de seu próprio Olimpo,
transformador me intriga
e descortina o véu:
-"Veus odiava leite!"
- diz sem compaixão...
E eu, perdida nos escombros,
meio a mitos e passado,
acompanha-me a questão,
- esta sim imortal!
de como vim parar aqui e tal...
.
|