"Incesto” Tema que a sociedade ainda tem dificuldades para discutir. O problema é abordado nos aspectos cultural, legal - direitos civil, penal e constitucional - , religioso e pela própria natureza humana. No texto, são levantadas teorias biológicas, sociais e psicológicas para tentar chegar à questão. Cada uma delas questiona a origem e as explicações da prática incestuosa. O ponto de vista freudiano introduz uma discussão mais filosófica do assunto, em suas três instâncias: id, ego e superego. O tratamento que a civilização dá a esse conflito também está no pensamento dos autores, ao lado de outros dois conceitos sociais: o abuso sexual e a família. Aí entra a começa uma complexidade maior, com uma visão da psicanálise, que tenta qualificar o ato. O questionamento é usado para esclarecer os fatores que levam ao envolvimento da criança e do adolescente nesses casos. Para isso, é necessário qualificar o abuso sexual por meio da vivência emocional de cada indivíduo de tais situações. A família ganha atenção especial dos autores, funcionando como base do tecido social. O leitor vai poder conhecer resultados de estudos e pesquisas que acompanharam experiências de abuso ou negligência na infância. Outras dinâmicas, como a do CEARAS (Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual), no Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP, também são apresentadas. A concretização do tema ganha destaque com a percepção da experiência clínica dessa entidade, que caracteriza o abuso sexual intrafamiliar com dados de prontuários dos pacientes atendidos pelo CEARAS desde o início de seu funcionamento, em junho de 1993 a dezembro de 1999. O resultado pode ser avaliada através de gráficos e tabelas, cuja análise, quantitativa e qualitativa, é detalhada por meio de hipóteses variadas. O tratamento das relações incestuosas, com relação ao cotidiano, duração, consequências são trazidas à tona para demonstrar os papéis dentro do grupo familiar, inclusive, o de denúncia. E o que sentem as crianças e adolescentes? Qual a responsabilidade dos pais e parentes? Tudo isso o leitor acompanha nas conclusões deste trabalho, que trata de vertentes do campo da saúde mental, da observação das interações afetivas, das motivações inconscientes e da dinâmica familiar. A compreensão do incesto passa pela objetividade, estruturação, desejos, pensamento simbólico e assimilação das funções sociais para o desenvolvimento mental do indivíduo. Todos os conceitos caminham para o âmbito ético das relações humanas. |