OS ESPíRITOS
Por Marcelino Rodriguez
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Há muitos anos atrás, uns vinte, quando li pela primeira vez
o livro dos espíritos, com aquele estilo didático e
nobre de Allan Kardek, senti, intuitivamente,
a dimensão de novos portais de entendimento da
vida, um portal secreto, dramático e mágico,
com aquele toque sedutor que tem os espíritos...
Era bom tê-los por perto...
Depois veio o mundo com seu torrencial de apetites e
desilusões terrestres e levou-me no torvelinho da
vida profana, onde de todos os modos tentei defender-me e
encontrar-me...
Mas a terra somente nunca bastou-me com seus dias
passageiros. Sempre tive ansia de eternidade, mundos
distantes...
Foi então que meu ser, sentindo o exílio
terrestre, privado de bens, solitário, mal contando
com o essencial, caluniado, incompreendido, magoado
nos ideais, sentiu de novo a necessidade, ainda que
tudo de modo quase que inconsciente, de saber como
andam os espíritos nos tempos de hoje; os amigos de
além que tornam menos solitário e árdua as lidas terrestres.
Assim que caiu-me as mãos, interessante mesmo para aqueles que duvidam,
o livro dimensões da verdade, de Divaldo pereira Franco,
que recebe psicografia de Joana de Angelis. Como se não
uma alma do outro mundo, poderia adivinhar nossas dores
mais sutis? Vejamos o que fala o espírito:
"Refletes, ensismesmado, com o espírito inquieto:
nunca pensei que me acontecessem tais aflições! "
Lamentas, angustiado, conjecturando: esperava ingratidão,
certamente não porém de quem sofri. Murumuras, cansado,
com o coração em frangalhos: até quando manterão opinioes
injustas e rigorosas contra mim?
Consideras, ferido, pensando, como sao impiedoas as pessoas
que me combatem! Nem sequer procuram saber se agi como afirmam
que agi. Evocas, de olhos úmidos, todos os lances dolorosos
mudaram de opinião meus amigos, com a mesma rapidez com
que formaram as opiniões anteriores.
Famílias problemas...
Irmãos que se antagonizam...
Conjuges em lamentaveis litigios..."
Assim que , amigos, os espíritos nos apontam os
mais reconditos sofrimentos do coração, que muitas
vezes passam despercebidos do mundo e dos que nos cercam.
deixam-nos com a esperança da poesia que mesmo nos
dias desoladores, nao estamos sós. Além do visto e dos
corpos, há quem cuida de nós das esferas sublimes.
Bons companheiros, os espíritos!
27.10.2004
Direitos Reservados
Marcelino Rodriguez, escritor hispano-brasileiro, autor de "O Obervador de Pardais" 1996, "O Espião de Jesus Cristo" 1999, "Juvenília" 2000, "Café´Brasil" 2001, "A Ilha" 2001, "Boneco de Deus" 2002, "Mar, Romàntico Mar" 2002, prêmio Pérgula Literária Internacional e Ação Cultural.
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