Desonestidade de Propósitos II
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
O governo continua fazendo das suas. Improvisando e subestimando a inteligência do povo brasileiro. Desta feita em relação ao anúncio de que irá abrir concurso público para preenchimento de 41 mil vagas.
A medida, aparentemente salutar, principalmente em relação ao grosso da população, que precisa, com urgência, de novas oportunidades de empregos, esconde uma série de impropriedades de ordem técnica e administrativa.
A primeira delas é a de que este governo, ao que tudo indica, não se presta ao culto da função “planejamento”. Peca pelas decisões fabricadas no calor das emoções; no pressuposto arrogante de que eles têm sempre a melhor solução para todos os problemas deste país. Não têm a humildade da consulta aos especialistas da área, e por isso deixam de ser transparentes em suas atitudes, gerando dúvidas sobre suas verdadeiras intenções.
Nenhuma empresa de grande porte, como , por comparação, pode ser assim considerada a Administração Pública Federal, descobre, de uma hora para outra, que precisa de 41 mil servidores. Isto é um absurdo do ponto de vista da administração de recursos humanos, e improvável, do ponto de vista estatístico e de visão empresarial.
O processo de vacância ocorre com menor lentidão.
Na maioria das vezes, ocorre na medida em que as pessoas vão se aposentando, falecendo ou pedindo demissão. É desse modo que, geralmente, vão surgindo novas vagas a serem preenchidas.
No tempo do DASP, extinto órgão central do, então, Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – SIPEC, o processo funcionava atrelado ao rigoroso planejamento.
Quando ocorria uma determinada vaga em qualquer ministério ou autarquia, o DASP era, de pronto, comunicado.
Se houvesse remanescente de candidato habilitado e classificado em concurso público, para a categoria funcional objeto de vacância, a indicação para nomeação era feita de imediato, a fim de que a Administração não sofresse solução de continuidade em suas atividades.
Caso contrário, e tão logo o número de vagas assim o justificasse, era aberto novo concurso público, com a finalidade de efetivar a recomposição da força de trabalho. Geralmente quando as vagas atingissem patamares entre 50 a 100 vacâncias, mais ou menos, dependendo da categoria funcional.
Admitir, portanto, a necessidade de 41 mil novas contratações, é dar um atestado de descaso ou de incompetência. Seria o caso de perguntar como a Administração vinha funcionando sem essa força de trabalho? Sim, pois 41 mil servidores é um número considerável para o funcionamento de qualquer organização.
Nem quando se abre uma nova fábrica, há necessidade de tanta gente de uma só vez. Não é de se estranhar, portanto, que, até agora, não se sabe para onde serão nomeados tais servidores (ministério, departamento, seção, setor, etc) e muito menos que atribuições irão exercer.
Curioso, repito, é que a Administração, com esta falta de servidores, estava funcionando, bem ou mal, durante todo o ano de 2003, e ninguém se deu conta da falta de tais servidores.
Sem planejamento, sem honestidade de propósitos, não se chega a lugar nenhum. É evidente o desperdício de recursos deste governo. Não vou falar nem em compra de aviões, viagens ao exterior e criação de cargos comissionados e contratações terceirizadas, que burlam, de certa forma, o ingresso pelo sistema do mérito, quando não vêm acompanhadas de justificativas técnicas para sua efetivação.
Francamente. Se for este o jeito de governar do PT, estamos fritos e mal pagos.
04 de fevereiro de 2004
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