Numa linda manhã, tive a graça de receber em meu lar um grande amigo, o Moacir, amigo este possuidor de grande dom, o dom de compor e cantar melodias. Suas melodias possuem a sutilidade suficiente para que todos que a ouvem viajem pelo pensamento suavizando o ambiente, favorecendo o despertar do belo que mora em nós. Veja só, ele diz que seu maior sonho é ver floridas as marginais, e eu começo a imaginar como seria belo viajar pelas marginais todas floridas; que colorido, sem contar a presença das borboletas, dos passarinhos que fariam aí seus ninhos, embelezando e colorindo o panorama de todos nós.
Sentados na mesa a almoçar; pusemo-nos a conversar. Entre uma conversa e outra surgiram à s lembranças da nossa infància, onde a natureza teve grande importància: cigarras a cantar, pirilampos a voar, crianças a brincar, soltando a imaginação transformando nuvens em carrosséis, ursos, cavaleiros andantes, bruxos que viravam anjos, indo até onde nossa imaginação alcança. Que doce lembrança.
Como é bom sonhar...Como é bom ter o que lembrar...Como é bom ter o dom de transformar... Imaginar... E principalmente perceber que além do que enxergamos existe mais, muito mais...
Que bom seria se nós adultos adquiríssemos sim a maturidade, mas não perdêssemos o dom de sonhar, de transformar, de ver além das aparências, de ver a beleza numa flor, a magia de um pirilampo a voar, a suavidade da alegria, o bem que faz um aperto de mão, um abraço, um sorriso, enfim a beleza de florir as marginais.
Nós adultos ainda precisamos de muito para perceber o belo, sendo que a vida nos proporciona o belo em abundancia, mas na nossa alienação, na nossa indiferença, na correria do dia a dia não paramos para perceber, para conservar a beleza que há em nós, porque nós somos a natureza e sendo a natureza podemos olhar as nuvens e transformar bruxos em anjos, podemos brilhar como os pirilampos, cantar como as cigarras, trabalhar como as formigas sem perder a alegria, enfim podemos tudo isto e muito, muito mais.
E porque não florir as marginais?
Jacira Monteiro - 18/10/04
Transcrevo aqui a música por mim citada (Moacyr Camargo)
As Marginais Floridas
Meu sonho é ver, floridas as marginais
Gramados e flores até onde os olhos vêem
No espelho das águas claras de Tietê
Encher meus olhos de flores quando olhar
Água limpa
A água limpa
Nossas vidas límpidas
Nem uma vida à margem (marginal)
Com azaléias, lírios amarelos.
Florindo as marginais
Com agapantos azuis, petúnias brancas
Abélias róseas florindo as marginais
Esses carros tão parados, poluindo as marginais.
Outras vezes tão velozes, poluindo as marginais.
No sonho flutuavam como naves.
Ver as crianças correrem beijando o rio.
As borboletas voarem atrás
No Parque Villa -Lobos assistir concertos ao ar livre
O bom aroma em todo o ar se faz.
Que Anchieta, Manoel da Nóbrega
Venham as marginais
E vejam os rios de águas claras
Dos tempos memorais.
Moacyr Camargo
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