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Erotico-->A tina -- 15/06/2004 - 12:27 (Sirlei ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos











A tina




Como sempre fazia, depois de recolher o olhar do vagueio prepara o banho. No centro

do quarto a tina com água quente, ao meio, não mais - tinha a conta guardada. A água ao

seu corpo somada não devia ultrapassar três quartos para não transbordar. Sob a tina, um

tapete antigo. Da borda, um desenho miúdo crescia em direção ao medalhão central, que a

tina deixava apenas entrever duas rosas abertas e um galho de alfazema. Ao lado, bem ao

alcance da mão, o cabideiro extraído de alguma árvore morena, sustentava três toalhas

brancas franjadas. Óleo e sais com aroma de folhas verdes foram acrescidos. A mão

suspensa no ar, como bailarina, e o fio dourado escorrendo fez crescer na água quente,

discos sucessivos que, se o ouvido alcançasse, ouviria o reverberar do som de

grãos correndo na superfície dura de algum metal.

Tudo a seu jeito. Com gestos simples – o familiar é sempre simples – sentada à beira

da cama desamarra os fios em “x”, da botinha surrada libertando os pés. No dedo médio do

pé esquerdo, uma vermelhidão, registro de tal prisão, recebe atenção especial. Respirando

profundamente, como se a atividade tivesse lhe custado, tateia o colo macio à procura da

fita cor de palha que a custo contém os seios. Uma ponta em cada mão, a seda desliza

afrouxando o laço. Arfando, não mais pelo cansaço, a cabeça procura o ombro. Os cabelos

em cascata tocam as costas como penas de avestruz. A outra mão, o peito toca.

O corpo pede maior liberdade. O resto da roupa fica aos pés como resto do resto. A

perna direita, longa e rosada, forma um ângulo de noventa graus e transpõe a borda da tina

sequiosa. Num movimento inverso, o avesso do pé esquerdo, com graça, recebe a luz difusa

do quarto.

O cálculo, como sempre, fora perfeito; a água ao corpo somada cobriu os seios até

logo abaixo dos mamilos, não mais. Em “x”, agora os braços, abraçam o corpo molhado e,

deslizando suavemente, as mãos pudicas cobrem os seios. Já não está só. Do seu corpo,

outro corpo foi desdobrado; suas mãos são outras mãos, sua boca outra boca. A distância

entre os corpos, o tempo devora como um lobo devora a carne da presa, e, no encontro,

como celeste, estrelas espocam. Trêmula e exangue, se deixa tragar um pouco mais pela

água quente da tina, até os ombros, não mais.





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