VESTIDO AMARELO
Como as borboletas que adejam,
Sobre as flores adejo também,
Nas flores que meus olhos entrevejam,
Aspiro saudoso o perfume do meu bem.
Anelando nos lábios eu os sinto,
No interior do meu coração, meu recinto...
Da saudade irônica que já vem.
Sim, da irônica saudade que vem.
Destaco algumas flores da roseira,
Levado pelo fascínio das cores,
Como se fosse dela a roupa domingueira,
Vestida pela planta cheia de pudores.
Tenho saudades da minha amada e seu vestido.
Aquele vestido amarelo pelo amor cingido.
20.outubro.1967
(do livro: "ÉS MULHER" - publicado em 1996)
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