NÃO ACREDITO EM QUEM NÃO ACREDITA
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Não consigo entender como certas pessoas, que se dizem descrentes de Deus - ou de qualquer crença ou religião -, possam encontrar sentido para a vida. Penso que quem não acredita na existência de um Ser Superior, nas coisas afetas ao plano do sobrenatural, que transcendem, portanto, ao plano material e finito de nosso mundo, está muito doente e, portanto, necessitando de ajuda.
No meu caso - e também da grande maioria dos habitantes deste planeta -, ainda que houvesse alguma dúvida quanto à existência desse Ser Supremo, quando menos, para todos nós, cristãos, seria suficiente acreditar nos ensinamentos a Ele atribuídos; ensinamentos que, inegavelmente, são as melhores indicações para que caminhemos em sintonia com o roteiro ideal para andar pelos caminhos que nos conduzirá ao amor, na acepção ampla do termo.
Deus, ainda que fosse uma mera invenção humana-, é sinônimo de caridade. De fraternidade. De humildade. De cooperação. De misericórdia. E muito mais: Deus é amor. Portanto, presume-se: quem não acredita em Deus, em tese, não acredita no amor. E a vida sem o amor não tem qualquer sentido. Disso não se pode duvidar.
Evidentemente que este mundo não se esgota em si mesmo. Não começa e termina nesta galáxia. Há um propósito maior, consubstanciado na própria beleza e complexidade da natureza. Depois, pensar o contrário, seria admitir que, há mais de dois mil anos, toda a humanidade estaria sendo enganada. Que teria firmado um acordo para admitir que Deus existe, apenas por conveniência. Conveniência de quem? E os que pensam em contrário? Cientistas, Escritores, livres pensadores? Estariam concordando com essa “farsa”?
De qualquer modo, se eu não acreditasse em Deus, o mínimo que poderia fazer seria ficar calado; não iria alardear esta minha descrença, para não revelar a minha fraqueza; fraqueza de não ter tido, ainda, a felicidade de encontrar um verdadeiro sentido para esta vida.
E, no meu silêncio, tentaria descobrir se seria possível, realmente, viver sem um propósito divino. Que ultrapassasse este plano material e inferior em que vivemos. Em meio a desconfiança, à vaidade, às guerras e ao desamor. Principalmente, tomaria cuidado para não tentar, obsessivamente, arregimentar pessoas para compor a equipe triste e minoritária dessa doença da alma que é a descrença. Descrença calcada na falta de amor. Na falta de Deus.
Em 12 de setembro de 2003
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