VOCÊ JÁ FOI A UMA BIBLIOTECA?
Francisco Miguel de Moura *
Etimologicamente biblioteca quer dizer “depósito de livros”. Mas dizer que uma biblioteca é um depósito de livros seria um despropósito, seria depreciativo à inteligência e à cultura.
Hoje, como antigamente, as bibliotecas são instrumentos precípuos da civilização, onde se encontram à disposição de quem queira consultar, pesquisar e fazer estudos, as mais importantes obras impressas ou manuscritas da cultura mundial. Não se concebe uma grande cidade sem biblioteca pública. Cícero, político, filósofo e orador romano, conceituou “biblioteca” de outra forma: “Uma casa sem biblioteca é como um corpo sem alma”. Infelizmente ainda há cidade de porte médio sem uma biblioteca, ou que a possui mas não atende satisfatoriamente à população, por razões as mais diversas: falta de funcionários, de bibliotecárias, de material de expediente, de verba para suprimento de novos livros, etc. E acontece também o contrário, ou seja, há bibliotecas fechadas por não existir pessoas dispostas a utilizá-la, nem mesmo estudantes.
Monteiro Lobato, o fundador da indústria do livro no Brasil, escreveu: “Um país se faz com homens e livros.” No Brasil, talvez ainda não tenhamos condições de colocar em prática o que Monteiro Lobato disse. É que a grande maioria da população brasileira passa fome e não tem escola. Assim, uma nação não pode progredir. E ainda há gente que vira a cara e os ouvidos para não escutar quando o Presidente da República recentemente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, diz que vai acabar com a fome no Brasil.
Minha mãe já me ensinou que fome tem cara de herege. Saco seco não se põe em pé, diz o vulgo, querendo formar a imagem do homem incompleto, do meio-homem. Sem comer ninguém é cidadão. Sem comer, como é que iremos exigir que a pessoa vá para a escola ou à biblioteca?
Assim, o país não cresce física nem espiritualmente. É preciso que todos se tornem cidadãos produtivos para que comecem a viver feliz. E quem freqüenta uma biblioteca supõe-se que não passa fome nem é analfabeto. Para essas pessoas é que damos estas informações.
Ptolomeu Sóter, primeiro dos lágidas do Egito, há mais de 22 séculos fundava, em Alexandria, a famosa biblioteca de Alexandria, com mais de 700.000 volumes em rolos de papiro. Esses rolos de papiro foram inutilizados pelas forças de Júlio César, depois restaurados por Marco Antônio e, finalmente, destruídos de vez, em 640 a.D., pelo califa Omar.
Outra biblioteca, talvez a segunda mais antiga, foi organizada há mais de dois milênios, em Nínive, capital do império da Assíria, sob o governo de Assurbanipal – para os gregos, Sardanapalo. Era formada principalmente por uma coleção de mais de 30 tábuas escritas em cuneiforme, que continha todos os conhecimentos de Astrologia e das outras ciências daqueles tempos. Só foi descoberta e estudada em meados do século XIX, por Sir Austen Layard e conseqüentemente foi levada para o Museu Britânico, onde se encontra.
Mas a primeira biblioteca do mundo foi criada na cidade de Mênfis, também no antigo Egito, pelo rei Ramsés II, que era conhecido pelos gregos como Osimandias ou Sesóstris, há mais de três milênios.
Fui estimulado a escrever esta matéria pela leitura de uma coluna denominada “Lupa”, na revista VEJA, de 23 de outubro de 2002, sobre a nova Biblioteca de Alexandria. Noutra oportunidade darei notícia dela e de outras bibliotecas antigas e modernas do mundo e do Brasil.
Para mim, a coisa mais maravilhosa do mundo é a literatura, a ciência, os conhecimentos de modo geral. E eles estão nos livros. E os livros estão na biblioteca, de graça. Hoje já temos a internet onde encontraremos quase tudo o que está nos livros, porém não é de graça. Enquanto a consultamos, o telefone está sendo acionado e a conta cresce, além da energia do computador. E ainda há que pagar um provedor. Felizmente eu ainda uso o IG, que é gratuito.
Você já foi a uma biblioteca? Se não foi, vá, corra, e lá fique saboreando a beleza e a grandeza da inteligência do homem e do mundo.
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*Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da APL, do CEC e da UBE-PI. Seu e-mail: franciscomiguelmoura@ig.com.br
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