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cronicas-->Posso furar a fila? -- 23/10/2000 - 13:48 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho uma amiga que vive praguejando contra os desmandos da sociedade. Tão dócil, a Teca... mas quando vê seus direitos serem desrespeitados, sobe nas tamancas, baila um flaminco e solta o verbo. Certa vez se ofendeu ao ver um cidadão estacionar em fila dupla em frente à escola dos filhos. Pra quê... Fez um discurso pra cima do pobre coitado, que acabou indo estacionar o carro a uns cem metros da porta do colégio. Grande Teca, defensora dos direitos e deveres dos munícipes!

Eu também, de vez em quando, solto minhas farpas contra aqueles que não sabem reconhecer o limite de sua liberdade. Só que sou mais tolerante. Acho que não poderia ser um europeu. Ou pelo menos ir morar em Londres depois de velho. Por mais que seja contra o favorecimento ilícito ou a concessão de favores desonestos, não tenho como negar que, vez ou outra, recorro ao jeitinho brasileiro para solucionar problemas do dia-a-dia. Muitos tapinhas nas costas e sorrisos simpáticos já me ajudaram a sair de situações difíceis. Um agrado daqui outro de lá favorecem a obtenção de um privilégio, um favor. A única coisa que definitivamente não tolero é a furação de fila dominante neste país tropical, abençoado por Deus e sofrido por natureza.

Fico imaginando o que se passa pela cabeça das recepcionistas de hospitais públicos toda vez que um familiar pede prioridade de atendimento para o marido que está em fase terminal, e depois constata no prontuário que o diagnóstico foi um simples resfriado forte que atingiu metade da população do bairro. Isso é coisa de gente desqualificada - dizem aqueles mais favorecidos. Mas deixa o pai de um deles passar por algo semelhante no Sírio-libanês...

Pior ainda é a fila do teatro. Sempre tem meia-dúzia que se diz amiga de infància do protagonista da peça e que, portanto, não deve ficar ali mofando naquela calçada que fede a xixi. Jovens grávidas de dois meses não sentem o mínimo constrangimento de ir diretamente ao caixa em pleno dia 30. "É a lei, meu filho! Quer ver o ultra-som? - desafiam." Tem os oportunistas de estacionamento, que se fazem de cegos e roubam a vaga dos mais distraídos nos shopping centers. Meu pai sempre se sai com a desculpa de que só quer uma informação e acaba sendo atendido primeiro do que os que estão na fila desde as quatro da manhã. Enfim, vivemos numa sociedade repleta de gérsons de plantão sem que ninguém se rebele.

Outro dia estava na metade da fila do refeitório e minha amiga veio chegando com aquele papo de que a fatura de um cliente qualquer estava com problemas. Desembestou a falar sem me dar trégua e foi-me acompanhando a passos curtos. Olhou para trás, deu um meio-sorriso e perguntou para o cara que foi "furado" se tinha problema permanecer ali, já que estava discutindo trabalho.

- Tem problema não, Teca! Sem problemas...
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