Estranhamente, em repentina forma,
Eis que me falta, pela vez primeira,
A natural aptidão de expressar em versos
O amor sem fim que me preenche o peito.
Em vão, procuro e não encontro um jeito,
Ante o poder desses momentos adversos,
De dedicar à minha musa e companheira
U¿a declaração de amor e não se conforma
A minha alma com o que, a mim, sucede,
Posto que parece fugirem as palavras
Que poderiam dizer da força da paixão
Que me domina e me faz seu cativo,
Mas um feliz detentor de sentimento altivo,
Que quisera alardear, pleno de emoção,
Num ensurdecedor bater de mil aldravas,
Ao mundo todo, como o coração pede.
Mas, qual, já se mostrou, decerto, impraticável,
(Sejam quais forem tais palavras) encontrá-las,
Neste confuso e triste mar que se tornou meu ser,
Feito de profundas vagas que, transpor, se não há de,
Onde, por companhia, tenho apenas a saudade,
Insólita e silente testemunha do meu sofrer,
Já que não posso, enfim, fazer as malas,
Partindo ao teu encontro, musa adorável.
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