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Contos-->Quanto mais tapam mais mostram e demonstram -- 28/02/2007 - 16:35 (TERTÚLIA JN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A apresentadora do programa "Sociedade Civil", na RTP2, é uma pessoa, para quem ouve e vê daqui para lá, assaz simpática e uma profissional competente que, quanto a mim, substituiu muitíssimo bem na área a Margarida Mercês de Melo, que também era simpática, mas que automaticamente cultivava a antipatia de não deixar falar ninguém à vontade e nunca tinha tempo que chegasse para satisfazer o seu pendor de papagaio imparável.

Na terça-feira, 27 de Fevereiro, o programa, dando uma cambalhota por cima do seu habitual âmbito, convidou três valorosos anti-facistas (dependentes dos (B)enefícios (E)stranhos) para, durante uma-hora-e-trinta minutos, bater forte e feio no defunto Salazar, não vá o abrenúncio político, ao cabo de 35 anos, ressuscitar e limpar de uma ponta a eito as panelas que tomaram o lugar dos tachos.

Anunciou-se que interviria um defensor do estadista que só percebia de Estados Novos que nunca ficassem velhos. O programa decorreu entre algumas óbvias verdades e atoardas de todo o tamanho, daquelas em que o menino e o papão desta época se abraçariam um ao outro a morrer de rir. Inclusive, insinuou-se com descarado desplante que o ensino então organizado foi o fascismo que ainda hoje provoca que o ensino democrático permaneça à deriva. O programa decorreu, o tempo esgotou-se e a apresentadora, apresentando muitas desculpas, fechou a informar que o defensor de Salazar apareceria numa próxima oportunidade.

Em suma, quanto a mim, a RTP trouxe de Inglaterra o programa "Os Grandes Portugueses" sem que lhe passasse pela cabeça que o Salazar viria de sopetão naturalmentye à tona. Vai daí, há que dar-lhe na memória para baixo, porque o homenzinho está muito teimoso e quer mesmo bater-se à facada com o Dom Afonso Henriques.

Ah... Caraças, as panelas estão todas a tremer sob o fogo da consciência e isso vê-se tão bem que até dá vontade de fechar os olhos. Que decepção sentir a minha admiração por uma apresentadora tão simpática e vê-la seguir na mesma irresponsável senda de Maria Elisa.

Assim, à volta das coisas velhas, tenho muito gosto em transcrever um pequeno conto, à guisa e à moda do nosso parceiro de fórum António Mata, extraído do meu usado livro da 4ª. classe, que o ministério da educação do Estado Novo, a braços com um país pleno de analfabetos, sem confusas e desorganizadas derivas, preconizava sob regime único.

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A ferradura velha

Um camponês dirigia-se para a cidade vizinha acompanhado de seu filho. Pelo caminho encontraram uma ferradura velha.. O pai disse ao filho que a apanhasse e a metesse ao bolso. O rapaz achou isso ridículo, não obedeceu e disse que a ferradura não prestava para nada. O pai calou-se, apanhou a ferradura velha e meteu-a ao bolso. Quando chegou à primeira aldeia, vendeu-a a um ferrador por um escudo e cinquenta centavos, com que comprou cerejas. E continuou o seu caminho, sem dar qualquer explicação ao filho.

O sol queimava. Não havia uma fonte onde pudessem matar a sede. O rapaz estava aflito e quase que não podia seguir o pai, que andava sempre com um passo firme. Nisto, o pai, fingindo-se distraído, deixa cair uma cereja. O filho apressa-se a apanhá-la e leva-a imediatamente à boca. Pouco mais adiante, o pai deixa cair uma segunda cereja que o filho apanha e come com a mesma avidez. Desta maneira o pai obrigou-o a apanhar todas as cerejas, uma a uma. Depois disto, voltou-se para o filho e disse-lhe:

- Vês, meu filho, se te tivesses abaixado uma única vez para apanhares a ferradura, não terias sido obrigado a apanhar as cerejas, uma a uma.

Fecho moral: Guarda o que aparentemente não presta, que encontrarás o que te é preciso.

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Cinquenta-e-seis-anos depois, ocorre-me imaginar o que é que o ferreiro terá feito com a ferradura velha...

António Torre da Guia
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