Estamos em período eleitoral. Não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos. Mas mais interessante que as eleições municipais no oeste paulista não há.
Malas pretas com dinheiro, tocaias noturnas, perseguição de pessoas, tudo vem acontecendo na pequena cidadezinha onde moro. Aqui venda de votos é coisa comum. Mas ninguém aqui se vende por qualquer coisa não. A base da troca aqui é alta. Gira em torno de lençóis, uma conta de água, um bujão de gás, um tanque de gasolina. Coisa de alto nível.
As pessoas, pelo menos aqui, levam a política bem a sério. Os dois lados têm até nomes próprios, assim como os Democratas e Republicanos nos Estados Unidos. Se A vota em X e B em Y, eles não se falam no período eleitoral, mesmo que se conheçam há tempos, e depois das eleições volta tudo ao normal. É muito engraçado. Até as crianças defendem calorosamente seus candidatos. As discussões são interessantíssimas.
Cada um inventa uma coisa sobre o outro lado. Por exemplo. A carreata de X teve 20 carros de fora, a nossa não tinha nenhum. A oposição denuncia o ónibus que leva estudantes para faculdade, que acaba detido e proibido de circular. Um veículo sem irregularidades. O mais interessante nesta história é que a oposição é maioria no transporte. Depois da besteira vão cercar o ónibus para obrigar a prefeitura a circular o veículo.
Entretanto, só vendo pra acreditar. Tem gente que diz que isso parece filme de faroeste. Só falta sair tiro, e olha que não é impossível.
Parece também aquelas gincanas onde você tem que pegar o máximo de um determinado objeto. Aqui, cada candidato tem pegar, isso mesmo, pegar o máximo de eleitores que puder. Parece até comédia. Cada um puxa por um braço, capaz de deixar o pobre eleitor sem braços.
Isso é apenas uma amostra. Amanhã é que a coisa vai ferver. O juiz da comarca vai pegar pesado com todo mundo. Não vai dar mole pra ninguém. Vai ter muita gente no xilindró por algumas horas. Está aberta a temporada de caça ao eleitor.
