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Contos-->O menino que veio no Natal -- 18/02/2007 - 11:13 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Menino que veio no Natal

Era véspera do Natal de 1949. O menino Iran estava com nove anos e ouviu dizer que lá para os lados do Monjolinho havia uma plantação de ananás, amarelinhos, prontos para serem chupados de graça. Iran convidou uns amigos e foram para lá. Saíram escondidos, sem contar para mais ninguém. Era verdade, a plantação de ananás era ainda mais linda do que lhe haviam contado. Os milhares de pés cor de rosa, cheirosos, ocupavam a vargem e se estendiam para além do horizonte. Iran e seus colegas chuparam tantos frutos ácidos que ficaram cheios de aftas na língua. Depois, quando não agüentavam mais, descansaram na terra fresca e macia, deitados à sombra dos pés rasteiros, sentindo o cheiro gostoso das bromélias deliciosas. Quando Iran acordou, viu que estava só e perdido. Seus colegas, irresponsáveis, o tinham deixado para trás.
Já era noite quando o menino Iran, tentando achar o caminho de casa, entrou na cidade. A rua em que chegou era festiva, tinha muita gente conversando, havia música nas casas, mulheres alegres cantavam e dançavam. O menino não sabia que ali era a zona do meretrício, a antiga Coréia. Iran só queria descansar e dormir, e entrou numa casa qualquer.
Foi muito bem recebido pelas mulheres, que lhe trouxeram guaraná, maçã e biscoitos. Aquilo era o paraíso, nunca fora tão bem tratado em toda a vida, nem na casa do seu pai. Ouviu, inclusive, quando a dona da casa, uma mulher gigantesca vestida de vermelho, disse: “Quero muito respeito com esse menino!” Quando veio a noite, arrumaram-lhe uma cama branca e macia, e o menino dormiu na casa pecadora ouvindo músicas de cabaré. Cansado, sonhou com anjos e bromélias cor de rosa, nem ouviu o barulho dos foguetes que o povo de Taubaté sempre solta na noite de Natal. No dia seguinte, alguém olhou para ele e disse: “Não é este o menino que a polícia está procurando?”
Era ele mesmo. A cidade inteira o procurava. Logo depois chegou a polícia para busca-lo e foi interrogando a dona da casa: “Por que a senhora não avisou logo a polícia?” A mulher respondeu acuada, quase chorando: “Eu não mereço, sei quenão mereço, mas quando olhei os olhos azuis do menino, pensei que fosse uma visita do Menino Jesus!... O senhor me perdoe, por favor!”
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