Eu era ainda uma adolescente, fanática e com idéias de reformar o mundo e adorava um livro de cordel que, com uma graça sofrida , explicava como pagávamos dividendo ao capital estrangeiro até para escovar os dentes e também, entre outras coisas tinha uma poesia que não me lembro direito mas tinha alguma coisa assim...
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Teu filho passa fome e
Você cata na marmita
O teu minguado feijão,
Isso não é nada João
Infeliz é teu patrão
Que dá para esposa bracelete
de mais de um milhão.
(alguém por um acaso se lembra?)
Muitos anos se passaram e muitas coisas mudaram.
Ainda temos milhões catando na marmita o feijão, que sumiu e muitos poucos podem comprar mais e mais braceletes de milhões mas,o capital estrangeiro passou a ser, se não bem vindo, pelo menos necessário.
Mas o que mais mudou, penso eu, foi o conceito de direita e esquerda. Ou mudou ou houve um troca troca da esquerda para direita e vice –versa.
Quem poderia imaginar que senhores da Arena como Sarney passariam a ser defensores dos anseios dos pobres e sustentáculos do governo Lula. Quem poderia imaginar o Delfin Neto dando conselhos e ser um dos cogitados para o novo governo que se inicia. Isso, sem falar que o PL - parte da chapa e pasmem: é vice.
Por outro lado biografias de antigas lutas contra o poderio econômica ( e até recentes lutas contra os poderosos laboratórios americanos), passaram a ser tachadas de direita de defensores dos ricos.
Bem, vocês diriam, isso é apenas parte da campanha ou como diria aquele outro estranho produto da mídia: ”faz parte”
Mas o que não faz parte, e quero deixar aqui o meu veemente protesto, é a tentativa de bloquear a democracia e de cercear o direito de falar o que pensamos.
Causa nojo as referências, feitas nesse site, à Regina Duarte sugerindo que ela se mude de país, apenas porque ousou dizer aquilo que deve ser o sentimento dos 33 milhões de brasileiros que votaram contra o Lula.
Pois bem meus amigos – eu não tenho medo de ter medo. Tenho muito medo de um governo do atual Lula. Medo que não tinha nas 2 primeiras vezes que nele votei. Mas hoje tenho, pois sei que simplesmente é impossível servir a 2 senhores.
- Tenho medo que os funcionários públicos não entendam quando o aumento de 89%, pleiteado, não vier (Lula declarou que mesmo 10%, que é muito pouco, vai ser muito difícil dar);
- Tenho medo que o povo não entenda quando o salário mínimo for pouca coisa acima dos R$211,00 proposto pelo atual governo. Afinal, como eles vão entender que a proposta do PT, defendida nesse ano pelo Paim de US$ 100, era apenas uma aposição inconseqüente desse PT paz amor?
- Tenho medo que o mercado não entenda o que o nosso próximo presidente disse ontem: “O mercado tem que entender que o povo precisa comer...”
- Tenho medo que o Lula peça mais paciência ao povo e não peça paciência ao mercado;
Como sou brasileira, vivo aqui, amo a Brasil, desejo que tudo de certo e que Lula consiga o que pretende, mas... não tenho medo de dizer que: tenho medo, tenho medo, tenho medo.